São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997 |
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PF investiga quem pôs bomba em avião
MARCELO GODOY
A PF ainda não sabe como o explosivo entrou no avião, quem o levou para bordo e se a explosão foi planejada (atentado) ou acidental. Ela não acusa ninguém. O diretor-geral do órgão, delegado Vicente Chelotti, criticou anteontem as especulações sobre o caso. Chamou-o de "acidente" e, em uma ocasião, de "atentado". Segundo a Folha apurou, a direção do órgão teme que uma precipitação repita o fiasco da prisão de Jorge Mirândola, ex-funcionário do Itamaraty erroneamente acusado da explosão de uma carta-bomba naquele ministério em 1995. Até agora, a PF tomou os depoimentos de passageiros e da tripulação do avião e está investigando a vida do empresário Fernando Caldeira de Moura para tentar explicar o que aconteceu. A PF não divulgou o conteúdo de nenhum dos depoimentos. Os delegados da PF também guardam uma carta anônima deixada em São Paulo por um grupo que reivindica a autoria do atentado (leia texto ao lado). Sozinha A partir de agora, a PF deverá ficar sozinha na apuração do caso. Até então, ela dividia o trabalho de apuração com a Aeronáutica e com a Polícia Civil de São Paulo. O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) da Aeronáutica deverá se retirar da investigação do caso. O IFI (Instituto de Fomento Industrial) do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) concluirá os testes na estrutura do avião para saber se uma falha estrutural aumentou os efeitos da explosão no Fokker-100. Com base nesses exames e no laudo dos peritos do Instituto de Criminalística de São Paulo, o Cenipa fará o relatório do caso. Como o crime ocorreu em um avião, a competência para apurá-lo é da PF e, para julgá-lo, da Justiça Federal. Estifnato O estifnato de chumbo é um sal que só tem utilidade como explosivo primário, ou seja, como espoleta para detonar outro explosivo. Ele não é encontrado na natureza e precisa ser feito em laboratório. "Um químico poderia obtê-lo facilmente", disse o professor José Atílio Vanin, do Instituto de Química da USP (Universidade de São Paulo). O pó de estifnato é detonado por percussão ou faísca. Explosivos à base de nitrato de amônia só explodem com um detonador como o estifnato. Por isso são chamados de secundários. Para Vanin, um especialista não transporta estifnato e explosivos secundários juntos. "Quem os carrega juntos ou é desinformado ou leva uma bomba com a intenção de explodi-la", diz Vanin. A venda do estifnato de chumbo é controlada pelo Exército. "Saber quem pôs a bomba e por que a pôs naquele avião são perguntas que devem ser respondidas pela polícia." Texto Anterior: Scotland Yard levaria a sério Próximo Texto: Prefeitura em crise atrasa contas e obras Índice |
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