São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Prefeitura em crise atrasa contas e obras

MAURO TAGLIAFERRI
ROGÉRIO GENTILE

MAURO TAGLIAFERRI; ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

Dívida da gestão malufista e queda da arrecadação são entraves à administração de Celso Pitta

A Prefeitura de São Paulo está praticamente paralisada devido a uma crise financeira. As principais obras estão abandonadas e o repasse de verbas às creches conveniadas e aos módulos do Plano de Atendimento à Saúde é feito com atraso. A prefeitura acumulou dívida de R$ 230 milhões com empreiteiras e de R$ 10 milhões com empresas de ônibus.
Também não consegue pagar parcelas mensais de R$ 6,5 milhões ao setor de educação. Até a produção da usina de asfalto do município caiu pela metade.
Além disso, herdou dívida de R$ 992,9 milhões -R$ 917,7 milhões referentes a compromissos firmados no último ano da gestão Maluf (96). Desse valor, R$ 750 milhões foram pagos neste ano, mas a cidade deve entrar em 98 com dívidas de curto prazo de R$ 700 milhões.
Os próprios secretários municipais já falam da crise. José Antônio de Freitas, encarregado pelas Finanças, disse que implantou uma política de "contenção de despesas" para conter "uma dificuldade momentânea de caixa".
Seu colega da pasta da Família e Bem-Estar Social, Maurício Najar, diz que a arrecadação tem oscilado e, às vezes, não há recursos para arcar com todas as despesas.
"Estou torcendo para que, este mês, a gente não atrase o repasse para as creches", declarou Najar. Em maio e junho, o dinheiro para as creches conveniadas chegou com atraso de 15 a 20 dias.
Já o titular de Serviços e Obras e de Vias Públicas, Reynaldo de Barros, se queixa de "ociosidade".
A crise nas finanças da prefeitura encontra parte de sua explicação na herança malufista, que "amarrou" o início da gestão Celso Pitta.
Não bastasse o acúmulo de gastos do último ano de mandato de Paulo Maluf, Pitta precisa destinar boa parte da pouca verba que tem aos símbolos da administração do padrinho político: o Cingapura e o PAS. Juntos, os dois projetos abocanharão, até o fim do ano, em torno de R$ 1,14 bilhão da receita de R$ 7,6 bilhões da cidade.
Sem recursos para tocar projetos próprios, Pitta não pode nem reclamar. Era o secretário das Finanças de Maluf e, assim, sabia em que situação encontraria a prefeitura.
Sem contar que sua gestão funciona como vitrine para a candidatura malufista ao governo estadual ou à presidência, em 98.
Outra explicação, segundo José Antônio de Freitas, estaria no fato de a arrecadação do ICMS ter ficado de 5% a 6% abaixo do previsto. O secretário admite, porém, que o rombo herdado de Maluf "contribuiu" para o problema de caixa.
Para Freitas, a situação deve ser normalizada já neste segundo semestre. Alguns colegas dele, porém, revelam nos bastidores não confiar nesse prognóstico.

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