São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Falha não detectada no solo causou acidente

MARCELO OLIVEIRA

MARCELO OLIVEIRA; LUCIANA SCHNEIDER
DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo a construtora, solo sob a casa que desmoronou era pior do que os técnicos esperavam pelos exames

A empreiteira Constran, contratada para as obras da extensão oeste do Metrô, afirma que, pelas primeiras análises do local, o acidente que fez engolir uma casa da rua Votuporanga, 243, no Sumaré (zona sudoeste de São Paulo), foi provocado por uma falha geológica não detectada pelos testes.
O acidente aconteceu no trecho onde ficarão as futuras estações Sumaré e Vila Madalena do metrô, que estarão ligadas à linha Paulista pela estação Clínicas.
Segundo o engenheiro Carlos Eduardo Moreira Maffei, consultor de túneis da Constran, que detectou a falha, o túnel, no trecho sob a rua Votuporanga, apresentava fissura da qual gotejava água.
Após subir e avisar os caseiros que trabalham para a dona-de-casa Dulce Meirelles de Assis -mãe do engenheiro Luís Carlos Meirelles de Assis, chefe do canteiro de obras da linha oeste- que o imóvel corria risco de desabamento, Maffei retornou ao túnel.
O engenheiro afirmou que, pelo que havia observado no túnel, a casa de Dulce e outra, na esquina oposta, eram as únicas que corriam risco de desabamento.
"Por isso não fui na casa ao lado (do advogado Márcio Fernandes, avisado do problema quando a casa de Dulce já havia desabado)."
Maffei estava no túnel quando a cobertura cedeu e a passagem subterrânea foi tomada pela terra.
"Pelo contato visual que tive na hora, o terreno acima do túnel deve ser um bolsão de um antigo aterro. Com certeza não era o tipo de solo que esperávamos encontrar naquele trecho."
Segundo Maffei, o solo, no trecho em que estavam ocorrendo as escavações, de acordo com exames geológicos encomendados pela Constran, é do tipo arenoso, porém mais compacto, devido à grande quantidade de argila em sua composição.
"O que encontramos ali foi um solo muito fraco, pulverizado."
Segundo Maffei, os exames feitos até então não detectaram o problema no solo sob a casa dos pais do engenheiro Luís Carlos de Assis.
A assessoria de imprensa do Metrô informou que o acidente de terça foi o primeiro, na história da companhia, causado pela escavação de túneis.
Abalado Segundo o Metrô, o engenheiro Luís Carlos Meirelles de Assis, que está de férias, ficou profundamente abalado com o acidente que destruiu a casa de seus pais.
Segundo Assis Ângelo, assessor de imprensa do Metrô, o engenheiro, que é especialista em túneis e funcionário da companhia há anos, está sem condições para falar. Assis esteve em São Paulo anteontem para ver familiares. Participou de reunião com técnicos da obra e deixou a cidade.
Ontem, o que restou no interior da casa desmoronada era retirado com guindaste. Os familiares de Assis preferiram o silêncio.
Segundo o Metrô, a família do advogado Márcio Fernandes continuará hospedada no hotel Metropolitan, nos Jardins (zona sudoeste de São Paulo).

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