São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Piloto nega ter feito vôos rasantes

FÁBIA PRATES

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CONSELHEIRO LAFAIETE

Rodrigues se apresentou à polícia e disse que a queda foi causada por falha mecânica

O piloto do monomotor Ercoupe PP-DEN, acidentado no último domingo em Conselheiro Lafaiete (MG), Célio Rodrigues, negou que estivesse fazendo vôos rasantes antes de o avião cair e provocar a morte de 8 pessoas e ferimentos em outras 11.
"Foi falha mecânica. Houve perda total de potência do motor. A hélice continuava rodando, mas sem potência", disse ele.
Rodrigues está preso desde ontem, por volta das 18h, na 26ª Delegacia Regional de Segurança Pública, em Conselheiro Lafaiete.
Acompanhado de dois advogados de Belo Horizonte, o piloto se apresentou no início da tarde de ontem ao delegado titular de Conselheiro Lafaiete, Pedro Antônio Mendes Loureiro, e à presidente do inquérito policial que apura as responsabilidades criminais do acidente, Mary Milagre de Almeida Vieira, em Congonhas, município distante 16 quilômetros de Conselheiro Lafaiete.
O piloto disse que estava voando em altitude normal (60 milhas, segundo ele), mas não teve como manobrar o avião, com o problema no motor. "Fiz de tudo para achar uma área vazia para pouso."
Orientado pelos advogados, o piloto se negou a responder por que estava voando sem ter renovado o Certificado de Habilitação Técnica. Ele afirmou não ter fugido do hospital. Disse que saiu para se encontrar com o filho, que pensava que ele estivesse morto.
Rodrigues negou que estivesse bêbado, contrariando testemunhas ouvidas no inquérito, que afirmaram tê-lo visto bebendo no domingo, antes do acidente.
O piloto disse que foi de carro, no mesmo dia do acidente, do aeroporto de Conselheiro Lafaiete até Belo Horizonte, e de lá teria pego um ônibus até São Paulo e de São Paulo a São José dos Campos.
As negociações para a apresentação de Rodrigues estavam sendo feitas desde a quarta-feira, segundo o delegado Loureiro. Mesmo tendo se apresentado, ele deve permanecer preso até o possível julgamento do caso. Desde a manhã de ontem, o piloto estava com a prisão preventiva decretada.
Os advogados de Rodrigues vão pedir hoje a revogação do pedido de prisão preventiva para que ele possa aguardar o julgamento em liberdade. O advogado Renê Moreira não quis antecipar os argumentos do pedido de revogação.
Com a prisão do piloto, o inquérito policial deve ser concluído em dez dias. A previsão inicial era de um mês. A conclusão, segundo o delegado, será encaminhada à Justiça. Loureiro disse não ter estimativas de quanto tempo demorará para a Justiça julgar o caso.
O piloto estava com o cabelo descolorido e apresentava dois cortes no lado esquerdo do rosto.

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