São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Novo fundo neutraliza gangorra da Bolsa

OSCAR PILAGALLO
DA REDAÇÃO

A montanha russa em que o mercado acionário foi transformado nesta semana está levando instituições financeiras a tentar vender a idéia de Bolsa sem risco.
O que se oferece é o melhor dos dois mundos: a alta rentabilidade do mercado acionário (66% neste ano) e a segurança da aplicação.
Em outras palavras, quando a Bolsa sobe, o cliente ganha; quando cai, ele não perde.
Dessa maneira, o capital aplicado estaria protegido das fortes oscilações, como as que foram observadas nos últimos dias.
O pulo do gato -que não é enfatizado na divulgação da nova modalidade de investimento- é que, quando a Bolsa sobe, os ganhos não são plenos.
Só assim, a instituição financeira é capaz de compensar o prejuízo assumido em nome do cliente quando a Bolsa está em queda.
'Timing' acidental
Ontem, enquanto a Bolsa de São Paulo mal se recuperava de novo tombo, o Banco Santander Brasil S/A divulgava um fundo de investimento nesses moldes, chamado Geral Principal.
A oportunidade do lançamento desse fundo não poderia ter sido mais feliz. Por coincidência, a primeira aplicação captada foi em 15 de julho, justamente a terça-feira em que a Bolsa afundou 8,5%.
No caso do Santander, o rendimento creditado para o investidor é equivalente à metade da valorização do índice Bovespa, o principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo.
O banco também assume os custos com a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). O piso para se poder fazer a aplicação é de R$ 5 mil e o prazo, de 91 dias.
O diretor-executivo de marketing e produtos do Santander, José de Paiva Ferreira, diz que a idéia foi ir ao encontro do perfil conservador do investidor brasileiro.
O banco -o maior grupo financeiro da Espanha, recém-chegado ao Brasil por meio da compra do Banco Geral do Comércio- afirma estar satisfeito com a resposta do público.
Foram contabilizados mais de mil investidores, entre pessoas e empresas, que depositaram patrimônio da ordem de R$ 30 milhões.
A iniciativa do Santander talvez não tenha sido pioneira e certamente não será a última.
O mercado trabalha com a expectativa de que a tendência de criação de fundos com perfis semelhantes será acentuada pelo grande afluxo de pessoas físicas ao mercado de ações.
Esses aplicadores foram atraídos pelas altas taxas de retornos dos últimos meses, mas não têm vocação para o risco que é inerente ao negócio. O meio-termo -o salto com rede agora oferecido- pode ser a solução para eles.
Outro mecanismo
Também embalado pela gangorra do mercado de ações, o AGF Braseg, um banco múltiplo, anunciou o lançamento, neste mês, de um fundo de ações cujo risco está diluído numa carteira de investimento composta também por papéis de renda fixa.
O mecanismo de proteção contra baixas bruscas da Bolsa é diferente, mas o objetivo é o mesmo do Santander. No caso do AGF, os títulos de renda fixa limitam a rentabilidade do fundo em época de alta e garantem o capital aplicado em períodos de queda.
O novo fundo, cujo período de aplicação é de 61 dias, começará a receber depósitos na próxima terça-feira, dia 22. A taxa de administração será de 1% ao ano.
(OP)

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