São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Candidatura de Vicentinho faz a CUT rachar

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão de Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, de disputar um segundo mandato na CUT (Central Única dos Trabalhadores) causou um "racha" na Articulação, tendência política majoritária na central.
Ontem, o Sindicato dos Bancários de São Paulo decidiu não indicar nomes para a diretoria estadual da CUT, que será eleita no congresso que termina neste final de semana.
Os bancários também pretendem convencer a CNB (Confederação Nacional dos Bancários) a seguir a mesma postura no congresso nacional, em agosto.
No entanto, o sindicato não se desligará da Articulação e pretende orientar seus delegados a votar em Vicentinho nas eleições, em agosto.
Com uma base de 110 mil trabalhadores e orçamento anual de R$ 27 milhões, os bancários de São Paulo estão entre os maiores sindicatos do país.
Na atual diretoria da CUT, um bancário -João Vaccari Neto- ocupa o cargo de secretário-geral, o segundo na hierarquia da diretoria executiva.
Os bancários de São Paulo se sentiram traídos pela forma como foi decidida a permanência de Vicentinho na disputa.
Segundo o presidente do Sindicato, Ricardo Berzoini, o processo de indicação do candidato à presidência foi nebuloso e antiético.
Berzoini reclama da indecisão de Vicentinho. O presidente da CUT oscilou vários meses entre uma segunda candidatura na central e a disputa a uma vaga a deputado federal pelo PT no ano que vem.
Os bancários, que nunca apoiaram a permanência de Vicentinho na CUT, esperavam que ele optasse pela vaga de deputado, o que abriria espaço para Vaccari.
Eleito em 94, Vicentinho anunciou anteontem que disputará novamente. Na prática, isso significa um novo mandato, já que a Articulação, à qual faz parte, terá cerca de 53% dos delegados no congresso nacional. Eleito, Vicentinho permanecerá no cargo até o ano 2000.
Mas o racha revela que sua gestão não é uma unanimidade, nem mesmo na Articulação.
Os bancários fazem muitas críticas à gestão de Vicentinho na central. Consideram que ele cometeu dois graves erros no ano passado.
Um foi tentar negociar com o governo a reforma da Previdência, o que teria deixado a idéia de que a CUT concordava com o projeto. O outro foi comandar uma greve geral fracassada, que desgastou a imagem da CUT perante a opinião pública.

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