São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Pessoas físicas potencializam queda

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A grande participação de pessoas físicas na Bolsa, via fundos de investimentos, continua potencializando o movimento de baixa.
Ontem, comentava-se no mercado que, motivados pelos pedidos de resgates de seus clientes, os fundos de ações e os fundos carteira livre (que investem em ações e em renda fixa) dos bancos de varejo foram mais uma vez os maiores vendedores da Bolsa.
Embora os bancos venham negando a existência de movimentos expressivos de resgate em seus fundos que aplicam em ações, essa foi uma explicação unânime entre os analistas ouvidos pela Folha.
O pequeno investidor não gosta mesmo de ver suas economias envolvidas em situações de risco elevado e reage imediatamente.
Machucado
Alguns operadores afirmaram que a última vez que se viu tamanha presença de investidores pessoa física na Bolsa foi na década de 70. E as perdas foram tantas na época que só agora a aplicação em ações estava reconquistando a confiança do pequeno investidor.
Antecipação
Além das ordens de resgate dos cotistas, os bancos continuam fazendo caixa, ou seja, vendendo antecipadamente devido a previsões de resgates futuros.
"Os grandes bancos acreditam que seus clientes, que não têm experiência em ações, vão acabar pedindo resgate uma hora ou outra", disse o administrador de carteira do Banco Interfinance, Álvaro Alfonso Mendonça.
"E é melhor fazer caixa com o preço das ações ainda altos, do que esperar uma queda maior", afirmou Mendonça.
Para o administrador de recursos do Banco Tendência, Manuel Maceira, um dia de forte queda é "traumatizante e deve chamar mais resgates de fundos".
Limpeza
Na avaliação de Maceira, já se podia prever mais um dia de baixa. "Normalmente, movimentos bruscos no mercado costumam machucar muita gente e leva cerca de cinco a seis pregões para limpar a área", disse ele.
"Chapa-branca"
Os comentários de que a recuperação de quarta-feira foi sustentada pelos fundos de pensão de empresas estatais continuaram a circular no mercado.
Para os operadores, o governo interferiu para que esses fundos, batizados pelo mercado de "chapa-branca", entrassem comprando para reverter a forte queda da terça-feira e poupar a imagem do país no exterior.
Nas negociações de ontem, não foi notada a participação das fundações de estatais.

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