São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Del Michele sofre pelo descuido

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

São Paulo é o paraíso das cantinas. Com poucas e assustadoras exceções, elas costumam ser generosas e baratas. Com poucas e louváveis exceções, elas são pouco confortáveis e nem sempre muito asseadas.
A Del Michele reúne essas qualidades e defeitos. A grande qualidade pode ser resumida na fórmula "comida razoável com preços tentadores". O principal defeito, na fórmula "serviço irritante e ambiente desleixado".
Quem prefere sentar em cadeiras com algum conforto, mesmo que simples; ser atendido quando precisa, de preferência por garçons arrumados; e fica incomodado ao suspeitar dos níveis de asseio do restaurante, provavelmente não irá ao Del Michele. Ou não voltará lá.
Mas é bem possível que já tenha ido, e muito, em momentos de penúria financeira ou quando preferiu relevar as precariedades da casa em função da simpatia do dono e dos atendentes (quando eles aparecem).
Asseio versus bolso
Pois o Del Michele é, há 35 anos, um refúgio certeiro para estudantes, jovens profissionais ou qualquer tipo de gente que deseje comer com certa decência e não quer -ou não pode- gastar muito.
Um perfil que se manteve mesmo com a morte, em 1990, do fundador do restaurante (que deu nome a casa). Desde então é seu ex-sócio, Valdomiro Maia (que todos chamam de André), que toca o lugar.
Pratos fartos evocam a cozinha do sul da Itália: uma decente porção de bruschetta (pão com alho e tomate); massas simples, nunca muito al dente, mas com molhos sem bárbara acidez- combinando tomate, pimentão, alho e óleo (Scarabotta), ou alho, óleo e frutos do mar (Del Michele).
E mais: bisteca frita, prensada, na frigideira; vitela ou cabrito assado com batatas (estranhamente cobertas por mozarela) e couve de Bruxelas. Tudo para ser dividido por dois.
Um lugar descuidado, cuja aparência espanta. Mas que pode ser providencial para o bolso.

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