São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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ÁFRICA

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

É a mais abrangente. É a mais eclética. É a mais democrática. E é a mais animada. Tratar a caixa "Africa - Never Stand Still" apenas por superlativos nem chega a ser um exagero. Lançado pela gravadora americana Ellipsis Arts, a caixa chega ao Brasil pela distribuidora MCD, especializada em world music do país.
Produzido por Brooke Wentz e Jeffrey Charno, a caixa viaja pela produção pop de 26 países em 39 faixas, do Marrocos à África do Sul, de Madagascar ao Cabo Verde, colocando o ouvinte em contato com ritmos como mbira, soukous, rai, makossa e outros.
A gama de intérpretes reúne desde nomes mais populares, como Salif Keita (Mali), Thomas Mapfumo (Zimbábue), Ali Farka Toure (Mali), Youssou N'Dour (Senegal), e nomes desconhecidos, como Abdul Tee-Jay (Serra Leoa) e Tarika Sammy (Madagascar), cantando em línguas como swahili, bambara, merina e shona.
Todo esse novo universo musical não chega porém a assustar, com sua aparente falta de referências. Há cinco séculos a África exporta sua música para o mundo, mas também a recupera, reelaborada, na forma de blues, funk e, principalmente, ritmos latinos, como rumba e mambo.
O veterano Remmy Ongala, por exemplo, canta em swahili um clássico seu: "Kipenda Roho". Acompanhado pela orquestra Super Matimila (destaque para as congas de Saidi Salum Jumaine e pela percussão de Matimila), esse zairense de nascimento acrescentou a improvisação da rumba na música da Tanzânia, onde vive, criando um ritmo que é conhecido como o "jazz da Tanzânia".
Outro adepto convicto do crossover musical é o bluesman Ali Farka Toure, de Mali. O guitarrista se diz influenciado pela música da tribo nômade Tamashek (tuaregs negros da região de Timbuktu, às margens do rio Niger), mas o que se ouve mesmo é Albert King e John Lee Hooker revisitados, e com uma levada reggae. Também não dispensa a tradição musical africana, visível no diálogo que estabelece com um afinado coral, que responde as suas colocações.
A caixa continua em outras 37 faixas, em que se destacam ainda o canto à capela do grupo Ladysmith Black Mambazo (África do Sul), o sambinha dos irmãos Mendes (Angola) e o canto islâmico com influências dos nômades berbéres de Khalifa Ould Eide (Mauritânia).

Caixa: Africa - Never Stand Still
Artistas: Ali Farka Toure, Baaba Maal, Salif Keita, Remmy Ongala, Oumou Sangare, Le Zagazougou e vários outros
Lançamento: Ellipsis Arts (EUA)
Distribuição: MCD (tel. 011/257-9744 para São Paulo e 0800 55-3104, ligação gratuita de outras cidades)
Quanto: R$ 55 (mais despesas de envio: R$ 4, São Paulo, e R$ 6,50, outros Estados)

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