São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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'Anticorpos' busca desvendar a diversão do jogo cênico

Peça de Dimas Vieira estréia hoje no teatro Martins Pena

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

O que acontece quando os personagens de uma peça ficam à mercê de um criador em crise? "Anticorpos", espetáculo que entra em cartaz hoje, no teatro Martins Pena, propõe esse divertido jogo teatral.
Os personagens em cena são o Principal, o Coadjuvante Homem, a Coadjuvante Mulher e a Ponta. E a primeira tentativa do criador é lançar-lhes um dramalhão.
Frustrada essa tentativa, cai em cena Chapeuzinho Vermelho, quando a nova e inusitada proposta é a encenação de uma ficção científica.
Quando percebem que novamente não funciona, os personagens tentam atuar por conta própria. Mas, por não serem autores, têm seu fim destinado por uma nova personagem: a Personagem Non Grata, que acaba por engoli-los.
"A peça mostra a relação de vassalagem dos personagens. Eles não existem sem o texto, sem o criador. Este, por sua vez, sem aparecer em cena, interage com os personagens o tempo todo, manipulando-os", afirma o diretor José Henrique de Paula, 26.
Brincando com clichês da novela, da ficção e do suspense e usando técnicas de marionete em atores e referências de outras peças e de filmes, "Anticorpos" acaba por desvendar, de forma divertida, os bastidores do teatro.
"O texto mostra como os personagens não têm defesa. Eles estão expostos à ira do criador, à fúria do diretor e à crítica do público. Nas tentativas de encenação, tudo vem abaixo no teatro, luzes, rotundas. A peça expõe o teatro", afirmou o diretor.
A peça também acaba brincando com diferentes mídias, já que reúne personagens que vêm do cinema e do teatro e que também atuam em um dramalhão -referência que faz à TV.
"Nesse momento do espetáculo, tiramos um sarro do padrão global, reforçando o sotaque carioca e atuando de frente para câmeras de TV hipotéticas. Os atores não se entreolham ao encenar", disse.
Na ficção científica, os atores até flutuam, como se estivessem em uma nave espacial.
"Fazemos isso com exercícios de desequilíbrio e deslocamento de eixo", explicou.
Cada ator interpreta três papéis distintos. "É uma peça que dá para brincar muito na encenação. É um trabalho divertido que diverte quem frequenta teatro e, ao mesmo tempo, é revelador para quem desconhece os bastidores do fazer teatral", afirmou José Henrique.

Peça: Anticorpos
Autoria: Dimas Vieira
Direção: José Henrique de Paula
Elenco: Flávio Guarnieri, Mônica Grando, Cadu de Souza, Eli André Corrêa, Cris Farah, William Camargo e Sidnéa Tavares
Quando: estréia hoje, às 21h; de qui a sáb, às 21h; dom, às 20h. Até 14 de setembro Onde: teatro Martins Pena (lgo. do Rosário, 20, Penha, tel. 011/293-6630)
Quanto: R$ 10

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