São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Papa pede a Ieltsin liberdade religiosa

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O papa João Paulo 2º pediu ao presidente russo, Boris Ieltsin, que modifique uma nova lei sobre minorias religiosas no país. Do jeito que ela foi aprovada pelo Parlamento, é "uma grave ameaça para a sobrevivência da Igreja Católica na Rússia", disse o papa.
A "Lei sobre Liberdade de Consciência e Associação Religiosa" visa diminuir a proliferação de seitas na Rússia, campo fértil para seitas e religiões do mundo inteiro após o fim do comunismo.
Ela concede reconhecimento legal apenas a grupos religiosos operando na Rússia há mais de 15 anos e dá enormes vantagens às quatro religiões consideradas tradicionais no país: cristianismo ortodoxo, judaísmo, islamismo e budismo. Membros de grupos religiosos estrangeiros só poderão agir na Rússia se forem convidados por uma das quatro grandes religiões.
Ieltsin pode vetar a lei. O Parlamento, dominado pelos opositores de Ieltsin, pode derrubar o veto com maioria de dois terços em cada uma das casas (Duma, a câmara baixa, e o Conselho da Federação, equivalente ao Senado).
"Sua excelência vai entender minha preocupação e meu fervente desejo de que se possa alcançar um novo texto que garanta a paz religiosa na grande nação russa", escreveu João Paulo 2º.
Segundo o papa, se for sancionada do jeito que está, a lei confinará a Igreja Católica a uma igreja voltada para uma comunidade estrangeira na Rússia e tornará impossível qualquer atividade assistencial ou de ensino, por exemplo.
O Vaticano quer ser incluído no grupo das religiões tradicionais.
Ativistas de direitos humanos querem que Ieltsin vete a lei. Eles alegam que ela viola a Constituição e é uma reedição dos métodos de perseguição religiosa e discriminação vigentes durante o regime comunista, oficialmente ateu.
EUA
Pressionado por inúmeros grupos de missionários de várias denominações protestantes, o Senado americano votou, no início da semana, uma resolução exigindo o corte da ajuda à Rússia se a lei for sancionada.
A Igreja Ortodoxa Russa saiu em defesa da lei. "Estamos certos de que a rejeição levará a maior desestabilização espiritual da Rússia", disse comunicado oficial do Patriarcado de Moscou.
Ortodoxos vêem com maus olhos a ação dos católicos na Rússia. Os uniatas, cristãos de rito grego -como os ortodoxos-, mas ligados a Roma tiveram igrejas, conventos, seminários e escolas confiscados pelo Estado soviético, que entregou tudo aos ortodoxos.
Depois da queda do comunismo, os uniatas exigem a devolução de seus bens. Na Ucrânia há um acordo parcial, mas na Rússia a questão ainda é o principal foco de tensão entre católicos e ortodoxos.

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