São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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Rainha quer PMs e sem-terra juntos em protesto contra FHC

EDMILSON ZANETTI

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Líder do MST defende marcha conjunta a partir de amanhã

O líder nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Júnior, 36, defendeu ontem a idéia de os grevistas da polícia e os sem-terra se juntarem nas ruas para protestar contra o governo FHC.
Ele disse que gostaria de ver os policiais na marcha dos "três sem" -sem-terra, sem-teto e sem-emprego-, que começa amanhã em vários Estados e termina na próxima sexta-feira, 25, Dia do Trabalhador Rural, com atos públicos.
Para José Rainha, o enfrentamento de PMs e soldados do Exército na capital de Alagoas é um "sinal de que o Brasil está perto de explodir".
"Só o presidente Fernando Henrique Cardoso não quer enxergar. É um alerta. O Brasil caminha para uma explosão social. Se o governo não tomar jeito, vai cair", afirmou.
José Rainha Júnior disse que não prega a queda do governo, mas acha que "só haverá mudanças se as massas forem para as ruas".
Na opinião do dirigente do MST, "se fosse uma manifestação dos sem-terra, falariam que é uma guerra civil". "É uma vergonha a polícia ter de enfrentar o Exército por causa de salário."
"Quero ver se as Forças Armadas vão ter coragem de atirar contra a multidão quando todo mundo for para as ruas."
O dirigente do MST acha que "o projeto neoliberal" do governo federal acabou. "O Plano Real foi para o brejo. Temos que nos unir todos, sem-terra, polícia, sociedade, para tirar do país a interferência do capital internacional."
Para José Rainha, o movimento das polícias por pagamentos atrasados e reajustes de salários "é uma luta digna e justa, como a dos sem-terra quando fazem ocupação para forçar o governo a fazer reforma agrária".
Ele acha que a reivindicação da polícia por melhores salários é mais forte e importante que a ordem. "Como se pode manter a disciplina com a barriga vazia?"
As manifestações das polícias, na visão de José Rainha, "servem para eles (policiais) entenderem por que a gente faz ocupação. É a mesma luta. Também temos filhos. Gostaria que eles passassem a não atirar mais nos sem-terra."

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