São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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CEBs criticam o governo FHC e se aproximam dos evangélicos

LUIS HENRIQUE AMARAL
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS (MA)

A versão preliminar do documento final do 9º Encontro Intereclesial de CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), da Igreja Católica, critica o governo de Fernando Henrique Cardoso. "Assim é a política do governo: só vê o Real e esquece do social", diz.
O encontro das CEBs termina hoje em São Luís (MA). Ele reuniu 4.000 mil católicos, entre eles 10 arcebispos e 55 bispos. O documento final, chamado "Carta de São Luís", será divulgado hoje. A versão preliminar faz um balanço de cada blocos de discussão do encontro.
As críticas ao governo se concentram no bloco "Excluídos e Movimentos Populares", do qual participou Diolinda Alves, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Pelo documento, o governo FHC é responsável pela "grande causa" da "exclusão social" no país: o sistema neoliberal.
"Esse sistema só vê o mercado e quem pode competir, e vira as costas para a maioria do povo", diz. E afirma que a "pior exclusão" é a do trabalho: "quando se perde a terra ou o emprego".
O grupo, com 561 delegados de CEBs do país, conclui com um "pedido" à hierarquia (padres e bispos) para que assumam "um compromisso concreto" e "um apoio mais firme" na "luta contra o sistema excludente".
Massas
Os outros blocos de discussão tentaram principalmente traçar estratégias para que as comunidades saiam do isolamento e atinjam "as massas".
O grupo que debateu o "Catolicismo Popular" concluiu que as CEBs devem tentar manter um contato mais próximo com os católicos que praticam uma religiosidade tradicional.
"O fermento que as CEBs podem levar às massas do catolicismo popular é a partilha da Bíblia em comunidade e confrontada com a vida e a reflexão sobre a realidade social", diz.
O bloco que debateu "Pentecostalismo" defende uma maior aproximação com as igreja evangélicas de formação recente e com os carismáticos, os pentecostais da Igreja Católica.
"É preciso vencer certos preconceitos e disputas de poder em relação aos pentecostais e, dentro da igreja, em relação aos carismáticos", diz o documento.
Os carismáticos são o grupo que mais cresce na Igreja Católica. Ao contrário das CEBs, defendem a fé afastada da política.
Dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo de Mariana, cobrou ontem da Rede Vida, TV ligada à Igreja Católica, que fizesse cobertura do evento.

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