São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997 |
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Relator da lei eleitoral diz que sofre perseguição do governo LUCIO VAZ LUCIO VAZ; LUIZA DAMÉ
O relator do projeto da nova lei eleitoral, deputado federal Carlos Apolinário (PMDB-SP), disse ontem que o governo federal está vazando informações sobre as suas empresas à imprensa para pressioná-lo a modificar o seu relatório, que limita o uso da máquina do governo nas eleições. "Não vou ficar surpreso se colocarem a Receita Federal em cima das minhas empresas. Estou sofrendo uma pressão violenta. Esse é um governo que persegue, corre atrás, faz retaliações", afirmou Apolinário. O relator disse que recebeu telefonemas de jornalistas que tinham informações detalhadas sobre as suas empresas, uma emissora de rádio e uma produtora de vídeo em São José dos Campos (SP). Rádio "Eles não queriam saber do relatório. O que está em discussão é o relator. Queriam saber se eu ganhei a rádio do governo. Não ganhei, comprei há dois anos", afirmou Apolinário. O deputado disse que os jornalistas voltaram a questioná-lo sobre uma informação já publicada na Folha. O governo demitiu um afilhado político seu, Laércio Barreto, da Diretoria de Telecomunicações da Telesp. "Acham que eu vou fazer concessões ao governo para recuperar o cargo. Quem acompanhou o meu trabalho desde o início sabe que não mudei nada. Fiz apenas alguns ajustes", afirmou o deputado peemedebista. Tática Ele considera que o governo federal está adotando uma tática equivocada ao pressioná-lo: "Eu poderia até mudar alguma coisa. Mas, se eu fizer isso agora, vão dizer que negociei com o governo". Apolinário disse que não quer mais o cargo que perdeu na Telesp. "Não quero esse e nem outro cargo. Não quero nem o ministério", afirmou o relator. Ele afirmou que deverá adotar uma posição de independência em relação ao governo. "Eu vinha votando sempre com o governo. Seguia o líder da bancada. Agora, vou ser o meu próprio líder", declarou o deputado. O presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), ouviu as reclamações do relator e afirmou que vai tomar providências junto ao Palácio do Planalto. "O projeto do relator é adequado. O próprio presidente disse isso. Vou falar com o governo", disse Temer. Outro lado A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou ontem que desconhece qualquer tipo de investigação da Receita Federal em empresas de Apolinário. A assessoria disse que o governo "estranha" a denúncia do deputado. A assessoria de imprensa do Ministério das Comunicações afirmou que "é fantasiosa" a versão de que o ministério tenha vazado informações sobre a emissora de rádio do relator. Texto Anterior: CEBs criticam o governo FHC e se aproximam dos evangélicos Próximo Texto: Autor de denúncia vai à Justiça para recuperar cargo de diretor Índice |
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