São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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Geólogo duvida de 'imprevisto' no subsolo

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O geólogo Luiz Ferreira Vaz, ex-presidente da Associação Brasileira de Geologia e Engenharia, disse não acreditar em "imprevisto geológico" como causa para o acidente que provocou o desabamento de uma casa na rua Votuporanga, no Sumaré (zona sudoeste de São Paulo).
A hipótese foi levantada pelo engenheiro Carlos Eduardo Moreira Maffei, consultor de túneis da Constran, que aponta o encontro das escavações do túnel do metrô com um aterro no subsolo da casa desabada -o aterro seria o "imprevisto geológico".
Segundo Vaz, as investigações geológicas feitas por empresas contratadas pelo Metrô detectariam facilmente o problema no subsolo da rua Votuporanga, 243, onde morava Dulce Meirelles de Assis, mãe do engenheiro Luís Carlos Meirelles de Assis, que é chefe do canteiro de obras da extensão oeste do Metrô.
Segundo o geólogo, a maioria dos acidentes em túneis ocorre quando a obra se depara com condições geológicas desconhecidas ou quando o método construtivo não está adaptado às condições geológicas do local.
Maffei, contratado pela Constran (empreiteira contratada para construir os 2,2 km da extensão oeste do Metrô), afirmou anteontem à Folha que a provável causa do acidente foi o encontro das escavações com um tipo de solo inesperado, no caso um solo fraco do tipo que aparece em aterros.
Maffei constatou que a cobertura do túnel apresentava uma fissura da qual gotejava água. Minutos depois, a cobertura do túnel cedeu e a casa desabou.
Comer lixo
Vigias e operários contratados pela Constran se "deliciaram" com o lixo deixado pela advogada Maria Silvia Simardi Fernandes, que retirou ontem objetos de sua casa -a 261 da rua Votuporanga- interditada após o acidente. Um vigia, que não se identificou, disse que os produtos estavam bons.
O comerciante Marcelo Longo Ramos, 29, morador da rua Votuporanga, 293, afirmou que o Metrô propôs abrigar provisoriamente os moradores da rua que estejam com medo de ficar em suas casas. A proposta foi confirmada também por Paulo Simardi, já hospedado em hotel pago pelo Metrô.

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