São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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Dodô marcou as cinco estrelas do Cruzeiro

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, o velho Lobo do fut Zagallo foi arguto na sua observação: o rosto de Dodô lembra mesmo o rosto de Leônidas da Silva, o Diamante Negro.
É raro que se consiga uma dupla de atacantes composta por dois jogadores muito velozes e muito habilidosos ao mesmo tempo.
E que a ligeira superioridade técnica de um seja compensada pela ligeira superioridade do outro na hora de definir, criando um equilíbrio perfeito na vanguarda do São Paulo.
Pois a dupla Denílson e Dodô, linho e linha, corda e caçamba, cara e coroa, arco e flecha, foi tramada no Paulista para atingir o alvo nesse famigerado Brasileiro.
A Pérola Negra do ataque são-paulino pegou as cinco estrelas do Cruzeiro e transformou-as em cinco gols que estarão, para sempre, brilhando na constelação tricolor.
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Em certo sentido, Sebastião Lazaroni foi uma espécie de Fernando Collor do futebol: a agenda estava correta, mas a administração foi desastrosa.
Lazaroni antecipou os três zagueiros, que muitos, hoje, consideram básico.
Depois de perambular a esmo por aí, ele montou um Paraná sem muito brilho, mas experiente e certinho.
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Com os seu livros, Orlando Duarte vem prestando inestimável serviço ao futebol brasileiro. Ele talvez tenha a obra técnica mais extensa sobre o esporte, tão amado, tão praticado, mas também, tão pouco conhecido neste país.
Aos poucos, o futebol vem modificando as suas leis. "Futebol - Histórias e Regras", que Orlando Duarte acaba de lançar (Makron Gold, 160 págs., R$ 19,00), traz a atualização das regras futebolísticas, as regras que ficam inalteradas, além de histórias saborosas do futebol e dois interessantes glossários -um sobre as expressões inglesas que acabaram incorporadas ao vocabulário futebolístico brasileiro, outro de termos populares locais usados no futebol (você sabe o que é uma bicanca? E um charivari?).
Ah, o livro traz também as regras do futsal. E o Orlando Duarte já está escrevendo o próximo livro (ele tem o invejável fôlego de um Cafu para escrever livros sobre o futebol).
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Pois bem, já que estou escrevendo sobre um catedrático, como se dizia, em futebol, pedi a ele a seleção dos jogadores mais elegantes de todos os tempos. Aí vão os escolhidos de Orlando Duarte.
Seleção nacional: Gilmar, Carlos Alberto, Mauro, Rui Campos (aparece pela primeira vez) e Nilton Santos; Bauer e Zizinho; Cláudio, Didi, Ademir da Guia e Canhoteiro. Reservas: Danilo, Zito, Domingos da Guia, Pagão, Orlando Peçanha, Zico, Ipojucã, Dicá (bem lembrado!), Servílio e Heleno de Freitas.
Seleção estrangeira: Maspoli, Lala (da antiga Tchecoslováquia), Figueroa, Bobby Moore e Breitner; Beckenbauer e Platini; Kevan, Van Basten, Di Stefano e Puskas (a lendária dupla do Real Madrid).
Segundo Duarte, eles foram "elegantes jogando, elegantes respeitando as regras e os adversários, tratando com carinho a bola, que é o que torna o espetáculo técnico".

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