São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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Estilo é marcado pela leveza

OTÁVIO DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em "As Cinzas de Ângela", Frank McCourt escreve sobre seus primeiros 19 anos de vida, iniciados num bairro pobre de Nova York durante a depressão econômica do início dos anos 30.
Filho primogênito de um pai em estado crônico de desemprego e embriaguez, e de Ângela, uma mãe impotente diante da miséria, Frank narra o fracasso da família.
Após a morte da única filha, quando Frank tinha três anos, os McCourt desistem da vida nos EUA e voltam para a Irlanda. Lá, enfrentam a falta de perspectiva de um país atrasado e marginal e as dificuldades econômicas de uma Europa em plena Segunda Guerra.
São anos marcados pela desagregação familiar e pelo desconforto, pelas doenças e mortes, pela fome e pelo frio. Aos 13, McCourt começa a trabalhar e a sonhar com sua volta para os EUA. A autobiografia termina aos 19 anos, quando ele avista, do barco que o traz da Irlanda, a cidade de Nova York.
Apesar do tema, a leitura de "As Cinzas de Ângela" é fácil e agradável. A leveza do estilo, em alguns momentos surpreendente, vem da opção do autor de narrar a história do ponto de vista infantil.
Não há espaço para reflexões aprofundadas ou caracterizações detalhadas. A história se constrói a partir da descrição de fatos e situações singulares.
É o primeiro livro de Frank McCourt, que ganhou a vida nos EUA como professor de inglês. Entre os autores que o influenciaram, estão o inglês Charles Dickens e os irlandeses James Joyce e Samuel Beckett.
Já James Joyce (1882-1941), autor de "Ulisses", contribuiu para a definição do estilo. "Não foi consciente, mas percebi que, em 'O Retrato de um Artista Quando Jovem', Joyce começa o livro com uma linguagem bem infantil. Acabei fazendo o mesmo."
Samuel Beckett (1906-1989), autor da peça teatral "Esperando Godot", contribuiu com seu "humor sarcástico", diz Frank McCourt.
(OD)

Livro: As Cinzas de Ângela
Autor: Frank McCourt
Lançamento: editora Objetiva
Quanto: R$ 29,80 (370 págs.)

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