São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997 |
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Academia chega aos 100 cortejando FHC
CRISTINA GRILLO
Convidado de honra da festa do centenário de fundação da instituição, amanhã à noite no Rio, o presidente já foi informado de que sua candidatura a uma eventual vaga será muito bem recebida pelos acadêmicos. A conversa entre Fernando Henrique Cardoso e um grupo de acadêmicos aconteceu há cerca de dois meses durante um jantar na casa do imortal Marcos Vinícios Vilaça, em Brasília. A Folha apurou que, durante o jantar, o presidente foi cercado por alguns dos acadêmicos, que sugeriram sua candidatura. Na época, havia inscrições abertas para as vagas deixadas pelos imortais Antonio Callado, Darcy Ribeiro e dom Marcos Barbosa. Fernando Henrique teria, então, demonstrado interesse na proposta. Segundo um dos acadêmicos presentes ao jantar, ele teria dito que a proposta era "honrosa" e que considerava sua obra literária suficiente para uma eventual candidatura. Mas teria feito uma ressalva: Academia, só depois de deixar a Presidência da República. "Ele foi sondado sim, mas não foi no jantar lá em casa. O convite já havia sido feito antes", disse Vilaça à Folha na quinta-feira. Apesar de negar que o convite tenha sido feito em sua casa, o imortal confirma que o presidente teria condicionado sua candidatura ao final de seu mandato. "O presidente só quer pensar nisso quando deixar o cargo. No jantar lá em casa não falamos em nenhuma eleição: nem a da Academia, nem a outra", disse Vilaça. Alegria Os acadêmicos estavam em Brasília para representar a ABL em uma sessão comemorativa do centenário da instituição, organizada pelo Senado. Do jantar, participaram, além do anfitrião, os imortais Cândido Mendes de Almeida, Eduardo Portella, Arnaldo Niskier, Ivo Pitanguy e Tarcísio Padilha, entre outros. "Seria uma alegria para todos nós. O presidente escreve bem, tem boa formação intelectual e uma grande folha de bons serviços prestados ao país", disse o imortal Josué Montello, ex-presidente da ABL. Uma história de candidatura de presidente da República ficou conhecida entre os imortais. No final dos anos 30, o então presidente Getúlio Vargas foi procurado pelo imortal Ataulfo de Paiva. Paiva, em nome de outros acadêmicos, sugeriu que Getúlio se candidatasse à ABL. O presidente relutou. Disse ao imortal que se sentia honrado, mas que não havia nenhuma vaga na instituição. Paiva teria então respondido: "Não seja por isso, presidente, eu posso me suicidar". Getúlio foi eleito para a ABL em 1941 e morreu em 1954. Ataulfo de Paiva, eleito em 1916, morreu em 1955. Texto Anterior: O estalo do Vieira e outros estalos Próximo Texto: Comemorações duram dias Índice |
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