São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997
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Questão religiosa opõe Rússia e EUA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Autoridades russas reclamaram ontem da pressão norte-americana contra uma nova lei que restringe a liberdade religiosa na Rússia. O Senado americano decidiu que cortará a ajuda econômica ao país se o decreto, considerado discriminatório, entrar em vigor.
Pelo decreto, apenas religiões já legalizadas sob o ex-regime soviético manteriam o privilégio: o catolicismo ortodoxo, o islamismo, o judaísmo e o budismo. A medida afeta, entre outros, o catolicismo romano e o protestantismo.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia emitiu comunicado classificando a pressão americana de"surpreendente e contraproducente", numa linguagem pouco comum em mensagens oficiais.
"A reação dos senadores americanos a esta lei, que ainda não entrou em vigor, causa surpresa. Devia estar claro que quaisquer imposições são contraproducentes", afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
O novo decreto foi aprovado no dia 4 de julho. O presidente Boris Ieltsin tinha 14 dias para aprová-lo ou vetá-lo -prazo que expirou ontem. O veto pode ainda ser derrubado por dois terços do Parlamento russo.
Um porta-voz do governo russo afirmou que o decreto só será transformado em lei por Ieltsin depois de especialistas avaliarem se é constitucional e se respeita os direitos humanos. As consequências de um desrespeito ao prazo legal não estão claras.
O decreto é defendido pela Igreja Ortodoxa e pela oposição comunista, mas foi criticado na quinta-feira pelo papa João Paulo 2º. O papa escreveu a Ieltsin um documento dizendo que a lei comprometia a sobrevivência da Igreja Católica na Rússia.
A sanção
As sanções americanas à Rússia foram aprovadas na quarta-feira, por 95 votos a favor e 4 contra. O Congresso americano fez um emenda à lei de ajuda econômica, que hoje destina US$ 13,2 bilhões do Orçamento ao exterior.
O chefe administrativo do governo russo, Andrei Sebentsov, disse que a reação do Senado americano é "profundamente insultante e vergonhosa".
Um membro do comitê religioso da Duma (câmara dos deputados) da Rússia, Vladimir Medvedev, considerou a reação "uma interferência sem precedentes nas questões internas da Rússia".

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