São Paulo, sábado, 19 de julho de 1997 |
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Militares roubavam bebês, diz ex-capitão
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS O ex-oficial argentino que em 1995 revelou os "vôos da morte" denunciou ontem à Justiça que bebês de presas políticas da Marinha eram sistematicamente roubados para serem adotados.Adolfo Scilingo, um ex-capitão de corveta, depôs ontem durante a investigação do desaparecimento de 300 crianças nascidas em centros de detenção clandestinos, no regime militar de 1976 a 1983. "Supostamente por razões humanitárias, era decidido que todas as mães lá presas (na Escola de Mecânica da Marinha) deveriam dar à luz antes de ser transferidas", disse Scilingo, de acordo com uma declaração lida à imprensa. "Transferência" era o termo usado para designar assassinato. "Para evitar que as crianças fossem 'contaminadas por idéias subversivas', elas deveriam ser adotadas por famílias normais, isto é, pelo pessoal da Marinha." A Esma foi um dos principais centros de tortura do governo militar argentino, que produziu cerca de 30 mil desaparecidos ao todo, segundo grupos de defesa dos direitos humanos. Ele responsabilizou o alto comando da Marinha, inclusive o ex-almirante Emílio Massera (um dos líderes do golpe), e acusou o presidente Carlos Menem de negligenciar denúncias sobre o caso que ele teria enviado em 1995. Não houve reação do governo nem de Massera à declaração. Após a restauração da democracia, em 1983, os militares envolvidos na "guerra suja" foram julgados e condenados, mas hoje estão livres por causa de anistias. Mas os indultos não cobriram crimes contra crianças, e o juiz federal Adolfo Bagnasco investiga se é possível levar a julgamento responsáveis por um eventual esquema organizado para "expropriar" crianças. Foi Scilingo que, em no início de 1995, revelou a existência de operações chamadas "vôos da morte": presos políticos eram dopados com anestésicos, colocados em aviões militares e jogados nus no oceano Atlântico. Semanas depois, os comandantes das três forças foram a público admitir excessos cometidos durante os anos de governo militar. Texto Anterior: 20 mil lembram atentado anti-semita Próximo Texto: Estação espacial Mir recupera energia Índice |
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