São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Exército assume policiamento em Recife

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A onda de crimes e violência gerada a partir da greve dos policiais civis e militares de Pernambuco levou ontem o Exército a mobilizar tropas para tentar garantir a segurança em Recife.
O governador Miguel Arraes (PSB) havia anunciado, no sábado, que o Exército deveria assumir o policiamento a partir de hoje, mas a medida foi antecipada.
O número de militares envolvidos não foi divulgado. As 17 estações do metrô de superfície e as três de integração de ônibus passaram a ser vigiadas por soldados armados com fuzis e vestidos com fardas camufladas.
A circulação dos trens e veículos em algumas regiões já havia sido interrompida por causa da violência e parte do sistema de transporte ameaçava entrar em colapso.
A atuação das tropas federais pode ser estendida hoje para o centro da cidade, onde o comércio tem funcionado parcialmente desde a sexta-feira passada, devido às constantes ameaças de saques.
A operação de emergência deverá contar ainda com a participação da guarda metropolitana, que atuará com grupos armados na região. Cento e dez cadetes da PM também irão às ruas, segundo ordem do comando da corporação.
No interior do Estado, soldados do Exército já foram deslocados para garantir a segurança em presídios de quatro municípios.
"Não queremos o confronto, não queremos a ruptura, mas a ordem vai ser mantida a qualquer preço", afirmou Arraes.
Com o impasse e a continuação da greve, o clima nas ruas é de tensão. Veículos estão sendo depredados, ônibus estão sendo assaltados e lojas foram arrombadas.
No litoral sul da cidade, a única delegacia em funcionamento -a de Boa Viagem- registrou, das 6h de sábado até as 8h de ontem, 33 ocorrências, com dois homicídios. Em dias normais, o número de crimes não passa de cinco.
Outras quatro mortes, oito assaltos, dois furtos, duas agressões e um acidente haviam sido registrados ontem na zona sul, até as 16h.
Desde o início da greve dos policiais -deflagrada quarta-feira passada-, 16 postos da PM teriam sido queimados ou depredados.
O governo veiculou ontem sua segunda nota oficial sobre a crise, desta vez nas TVs.
Na mensagem, o governo afirma que está disposto a negociar o fim da paralisação, mas volta a dizer que não poderá conceder o aumento pedido pelos policiais.
Os PMs reivindicam soldo de R$ 130. O governo oferece um aumento de R$ 10 sobre o soldo, o que elevaria o valor do salário-base da categoria para R$ 84,21.

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