São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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FHC critica indisciplina, mas 'entende' PMs

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, no Rio, que entende "a situação" dos policiais militares de Alagoas, mas que não aceita indisciplina.
Na quinta-feira, os PMs alagoanos entraram em choque com tropas do Exército, em Maceió, em protesto contra o atraso salarial.
"Eu devo dizer que não posso aceitar a indisciplina. Não cabe. Mas eu entendo a situação, porque, sem receber salário há tanto tempo, chega um momento em que existe uma situação emergencial", disse FHC.
O presidente afirmou que, com o acordo feito no sábado com o governador interino de Alagoas, Manoel Gomes de Barros, para o saneamento financeiro e administrativo do Estado, pretende "reconstruir um clima de disciplina em Alagoas, como de resto em todo o Brasil" -referência aos recentes protestos de policiais em outros Estados.
Pelo acordo, Alagoas deve receber cerca de R$ 40 milhões para o pagamento imediato da folha salarial do Executivo e de parte do Legislativo.
FHC confirmou que esse dinheiro virá de privatizações. "Precisamos adiantar recursos para que os funcionários públicos sejam atendidos, inclusive os PMs."
Segundo ele, o governo não pode usar dinheiro do Tesouro para ajudar Alagoas.
"Isso não seria justo. Senão, os outros Estados também fariam jus ao mesmo recurso, que é escasso para todo o Brasil", declarou.
O presidente disse ser necessário "reorganizar todo o sistema público de Alagoas", com a ajuda do Legislativo e do Judiciário locais. "A Assembléia tem cerca de 4.000 funcionários, é muita gente."
Ele alertou que "o governo federal não dará dinheiro para pagar marajás". "Nos planos de dispensa voluntária de funcionários, não se trata de fazer acordo para aqueles que não têm direito a receber salários altíssimos, que não são compartilhados pela imensa maioria dos funcionários públicos."
Anteontem, em encontro com o governador interino de Alagoas, FHC acertou metas de saneamento financeiro e administrativo do Estado e afastou, temporariamente, a ameaça de intervenção federal formal -embora haja uma "intervenção branca" em curso.
O primeiro ponto das exigências do governo federal foi o fim do acordo com os usineiros, que prevê isenção da cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre a produção de cana-de-açúcar, além de estabelecer um novo pagamento de dívidas já pagas.

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