São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Planalto aposta em interventor informal

WILLIAM FRANÇA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O presidente Fernando Henrique Cardoso só não decidiu pela intervenção em Alagoas, sábado pela manhã, durante reunião no Rio, porque ficou convencido de que o governador interino, Manoel Gomes de Barros (PTB), está disposto a fazer o papel de "interventor informal" e cumprir as determinações do governo federal.
"Uma desvantagem em decidir pela intervenção é a paralisação das reformas constitucionais. Mas, para mim, a ordem pública é mais importante que uma emenda constitucional", disse FHC durante a reunião com Barros.
FHC disse que há uma última etapa institucional a ser percorrida antes de decidir pela intervenção: a de permitir ao governador interino que, ao assumir o governo, tente reorganizar o Estado.
O governo federal avalia que o período de um mês é suficiente para saber se Barros está desempenhando satisfatoriamente o papel de "interventor informal" e seguindo as suas orientações. Isso, no entender do governo, significa se desvencilhar dos compromissos locais e endurecer com vários setores, inclusive com a área militar (PM) e com o Legislativo local.
O nome do eventual interventor já está escolhido. Ele não tem vinculações políticas nem é do Estado, embora seja profundo conhecedor dos problemas regionais.
Mais crises
A área militar do governo avalia que esta semana haverá pelo menos mais três focos de reação de policiais militares contra baixos salários: Mato Grosso do Sul (onde a situação é mais grave), Mato Grosso e Rio Grande do Norte.
A situação só não se ampliará porque governadores, como o de Santa Catarina, estão se antecipando e propondo reajustes às tropas. No Ceará, onde o governo temia também revolta, a atuação do governador Tasso Jereissati (PSDB), que está negociando com os PMs, é considerada exemplar.
No Rio Grande do Sul, embora o Exército esteja nas ruas, a situação é tida como sob controle porque o governador Antônio Britto (PMDB) também iniciou negociações.

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