São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Professor está sendo usado, diz advogado

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Tales Castelo Branco acredita que a Polícia Federal está tentando esconder o verdadeiro caminho das investigações ao divulgar suspeitas contra o seu cliente, o professor Leonardo Teodoro de Castro, 59.
Segundo a polícia, Castro é o principal suspeito de ter colocado uma bomba no vôo 283 da TAM no último dia 9. O professor está na UTI do Hospital São Paulo. Ele foi atropelado por um ônibus três dias após a explosão no avião. A PF suspeita que Castro tenha tentado o suicídio.
"Acho que eles estão colocando uma cortina de fumaça na história para encobrir a investigação. Não existe nenhum indício contra o professor. Só especulação", disse.
Castelo Branco diz, porém, que esse é um caminho perigoso. "Estão expondo e destruindo a imagem de uma pessoa", diz.
O advogado disse que os familiares do professor estão abalados e que preferem não dar entrevistas por enquanto. Ele afirmou que vai recomendar à família que entre na Justiça exigindo indenização.
O criminalista diz que "a polícia ainda não aprendeu com seus próprios erros", citando os casos da escola Base e o de Jorge Mirândola (que foi acusado injustamente pela polícia de ter enviado uma carta-bomba ao Itamaraty).
"O problema é que, quando acontece um fato de comoção nacional, a polícia sente-se na obrigação de apresentar resultados da noite para o dia. Mas os resultados dependem de uma apuração rigorosa", afirmou o criminalista.
Segundo ele, "esse imediatismo e essa volúpia por prestar contas à sociedade levam ao erro".
Um dos elementos levantados contra o professor é o fato de ele ter apólices de seguro de vida no valor de R$ 10 mil cada uma. A polícia não confirma o número de apólices nem o beneficiário.
"Isso não significa nada. Ele pode até ser maníaco por seguros, o que não quer dizer que ele colocou uma bomba no avião", disse o advogado do professor.
Outro fato considerado sem importância pelo advogado é o fato de não existir nenhuma escola em São José dos Campos no endereço dado pelo professor.
O professor disse à polícia que teria ido à São José dos Campos para tentar um emprego na escola. "É possível que ele tenha ido visitar alguma mulher e não queria que ninguém soubesse."
O advogado disse também que é preciso saber em qual momento do depoimento foi feita a pergunta sobre o que ele tinha ido fazer na cidade. "Não vamos esquecer que ele teve os tímpanos perfurados no acidente e, mesmo assim, foi obrigado a depor por cinco horas."

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