São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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'Bonde' ataca vestido de ninja

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A passagem do "bonde" mercenário pelo morro do Estado, em Niterói, deixou marcas na população local. Poucos se arriscam a comentar as horas de pavor vividas na madrugada de 13 junho.
Com população estimada em 10 mil habitantes, a maior favela niteroiense tem o tráfico de drogas comandado por Éverson e Peco, considerados traidores do chefe anterior, Paulo Henrique Rodrigues, o PH, por moradores.
Para controlar as "bocas" de cocaína e maconha do morro, Éverson e Peco pediram ajuda a Magno Fernando Soeiro Tatagiba de Souza, o Magno da Mangueira.
Cerca de 30 homens enviados por Magno da Mangueira invadiram a favela na madrugada do dia 13. "Eles estavam vestidos como ninjas (com toucas cobrindo os rostos e roupas negras)", contou Ademar da Silva, que trabalha em uma birosca no morro.
A faxineira que se identificou como Arlete disse que os "soldados" de PH não tiveram chances diante do poderio do grupo invasor. "Era revólver contra metralhadora, granada. Não deu para enfrentar", afirmou ela.
Na invasão, PH foi assassinado. Éverson e Peco assumiram o tráfico no morro do Estado. Antes, eram considerados pela PM como homens de confiança de PH.
Em troca de apoio bélico, Magno da Mangueira tem direito a uma participação na venda de drogas no morro do Estado. Para garantir que não será enganado, ele mantém na favela pelo menos dez "soldados".
"Isso aqui agora é verde e rosa", afirmou Odair de Souza -morador da rua Moacyr Padilha, que corta a favela-, referindo-se às cores da tradicional escola de samba do morro da Mangueira, na zona norte do Rio.
(ST)

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