São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Ericsson cai com perda da banda B de SP

FÁTIMA FERNANDES

FÁTIMA FERNANDES; LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Ericsson perdeu para a Nortel o fornecimento exclusivo de equipamentos para a implantação do sistema de telefonia celular em São Paulo, o que contribuiu para o preço das suas ações cair cerca de 19% em menos de dez dias.
Essa queda, no entanto, constatada entre os dias 8 e 17 de julho -que também foi influenciada pela queda da Bolsa paulista com a turbulência após crise asiática- é considerada pouco expressiva pelos analistas de investimento.
Eles levam em conta a performance do papel da empresa ao longo do ano -que, até a última sexta-feira, registrava valorização de 271,58%, segundo a consultoria Economática- e a probabilidade de o preço da ação da empresa subir ainda mais até o final do ano.
Desempenho
Sem considerar a participação da Ericsson no fornecimento de equipamentos para a telefonia celular privada -a banda B-, Sérgio Missima, analista de investimento da corretora Fator, acredita que até o final do ano o lote de mil ações da empresa deve valer R$ 80.
Isso significa um aumento de 39,1% sobre o valor negociado na última sexta-feira, de R$ 57,50.
"A nossa recomendação, portanto, é de compra desse papel."
Para ele, a alta das ações da Ericsson deve ocorrer em razão dos investimentos da banda A e em linhas de telefones fixas.
"A Ericsson é grande fornecedora desse mercado", diz Missima.
Impacto
Para Flávia Gribel, analista do banco Bozano Simonsen, o fato de a Ericsson não participar da implantação do serviço de telefonia celular em São Paulo pode ter, sim, forte impacto sobre as suas ações.
"É fato que existem outras licitações em andamento pelo país. Só que a Ericssom perdeu um mercado grande -o de São Paulo- e os investidores acordaram ao perceber que existem outros fortes concorrentes", diz Flávia.
A Ericsson detém cerca de 42% do mercado de equipamentos para telefonia celular no Brasil; a NEC, 33% e a Nortel, 15%. "O mercado olhava a Ericsson como fornecedora absoluta e agora já está de olho na concorrência."
Licitações
Para a analista do Bozano Simonsen, a recomendação é manter o papel da Ericsson até que os vencedores das próximas licitações da banda B sejam anunciados, assim como as licitações da Telesp.
"Se a Ericsson perder mercados importantes como o Rio de Janeiro e as licitações da Telesp, as perspectivas para a empresa mudam bastante e já dá até para pensar numa recomendação de venda de ações. O cenário ainda está um pouco nebuloso."
Graça Paiva, gerente da área de análise de investimento do Banco Boavista, aposta, assim como Missima, da Fator, na valorização das ações das empresas que fornecem equipamentos para telecomunicação, como a Ericsson.
"Uma empresa sozinha não vai conseguir fornecer equipamentos para todo o país. Vai chegar um momento, por exemplo, que a Nortel não será capaz de atender integralmente a banda B. E mais: existem ainda os investimentos da banda A."

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