São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O sonho é abrir um cabeleireiro

"Quando eu era criança, minha mãe colocava franjinha em mim, como menina. Todo mundo perguntava se eu era uma garota. Minha mãe nunca ligou. Tenho três irmãos gays mais velhos. Quando virei travesti, meu pai já havia falecido. Ele era do interior de Minas, machão.
Minha mãe aceitou normalmente, ela me adora. Aos 13, comecei a bater ponto na r. Augusto Severo, na Lapa (bairro do Rio). Nem lembro o primeiro cliente.
Já experimentei cocaína, com um cliente. Eles gostam que a gente transe louca. Mas agora, quando oferecem, eu faço o truque: sopro. Eles pagam mais se você usar drogas. Não gosto do que eu faço. Já tentei emprego em salão de beleza, mas nada. Estou aqui para ganhar dinheiro. Estou louca para sair da rua. Estou guardando dinheiro para viajar para a Europa. Quero trabalhar lá durante três meses, juntar mais dinheiro e voltar. Aí eu abro o meu salão de beleza e largo essa vida."
BIANCA GALISTEU, 16

Texto Anterior: Consumo de hormônio aos 10
Próximo Texto: Garoto de 16 morre de vergonha da puberdade que não chega
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.