São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Radionovela tem revival no Sul do país

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

As novelas de rádio, substituídas pelo gênero televisivo a partir da década de 70, estão de volta em Londrina, no norte do Paraná.
A rádio Brasil Sul (AM) mantém, há três meses e com sucesso, um núcleo de radioteatro.
Em horário nobre nas emissoras AM (10h às 11h), a Brasil Sul tem conseguido a liderança de audiência investindo em episódios curtos e baseados em fatos reais.
Segundo Waldimir Coutinho Mendes, 50, diretor da Brasil Sul, a emissora investiu em um novo estúdio, "apenas para o núcleo de radioteatro". Lá também estão sendo criadas novelas de longa duração, como as dos velhos tempos.
O diretor do núcleo de radioteatro da emissora, Ozires Mourão, 59, que produziu novelas na década de 60 para emissoras do Paraná e de Minas Gerais, afirma que a fórmula das novelas precisa ser diferente, hoje, para emplacar entre os ouvintes.
"A linguagem e o texto precisam ser atualizados, modernos, senão as novelas não despertam o interesse do público. Somente reproduzir novelas dos anos 50 não atrai o ouvinte", afirma Mourão.
Dramas reais
A fórmula encontrada pelo núcleo de radioteatro da emissora (com 16 pessoas) é apostar em histórias reais, que são dramatizadas por roteiristas com inteira liberdade ação.
Até agora, a emissora investiu apenas em episódios de curta duração com, no máximo, três capítulos.
O gênero preferido são dramas sociais ou histórias policiais, como o mais recente sucesso do núcleo, "À Margem da Lei".
Em três capítulos, "À Margem da Lei" dramatiza uma história de vingança no Nordeste brasileiro, com a velha fórmula de sucesso: o vilão é o filho do fazendeiro e os heróis são a mocinha ingênua e violentada, e seu irmão, trabalhador e honesto, que vinga a violência sofrida pela irmã.
Palavras fortes
Segundo Mourão, a grande vantagem da produção nos dias atuais é não ter que submeter o trabalho à censura.
Ele conta que na década de 60 cada capítulo tinha de ser submetido à Polícia Federal.
"Além de proibirem qualquer palavra mais forte, as novelas tinham, obrigatoriamente, que passar uma mensagem que não afetasse os interesses do regime militar."
Para montar o núcleo da emissora, Mourão foi buscar atores da velha guarda das radionovelas de Londrina e mesclou-os com jovens atores de teatro da cidade.
Na década de 60, Londrina foi um dos principais pólos de radionovelas do país, produzindo e distribuindo novelas.
Mourão cita uma novela sua, "Caminhos Perdidos", que foi distribuída em uma campanha da marca Kolinos para todos os Estados brasileiros em 1968.
Mesmo enredo
Segundo ele, a novela "Mandacaru", que será exibida pela TV Manchete, possui trama semelhante ao seu maior sucesso no rádio.
"Não sou besta para falar em plágio, mas pelo que li na Folha o enredo é basicamente o meu, da década de 60."
O diretor da Brasil Sul, Coutinho Mendes, disse que as radionovelas da emissora têm despertado o interesse de outras estações em comprar o direito de episódios já transmitidos.
"O núcleo estuda as propostas e vamos encontrar a melhor para a venda dos direitos de retransmissão, criando um novo nicho no mercado radiofônico", afirma.

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