São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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Unionistas ameaçam abandonar diálogo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

No primeiro dia do cessar-fogo do IRA (Exército Republicano Irlandês), iniciado ontem, o Partido Unionista do Ulster, o principal grupo defensor da soberania britânica sobre a Irlanda do Norte, ameaçou se retirar das negociações de paz.
David Trimble, o líder do PUU, vai se reunir hoje com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair. No encontro, Blair deve pressionar os unionistas a tomar parte nas conversações, que devem incluir o Sinn Fein, braço político do Exército Republicano Irlandês.
Os unionistas consideram inaceitáveis, por serem "demasiado vagas", as propostas anglo-irlandesas que prevêem o desarmamento do grupo paralelamente às negociações, e não como condição prévia à participação do Sinn Fein.
Eles acusam Blair de ter cedido às exigências republicanas e classificam de "cosmético" o cessar-fogo declarado no sábado pelo IRA.
Para o premiê, a dificuldade está em convencer rapidamente os unionistas de que negociem, a partir de 15 de setembro, com seus adversários republicanos, que querem unir a Irlanda do Norte à República da Irlanda.
Alguns partidos protestantes se negam a sentar a negociar com seus inimigos católicos. "Não se pode confiar no IRA", declarou à imprensa Peter Robinson, vice-presidente do Partido Unionista Democrático.
Gerry Adams, líder do Sinn Fein, negou informações divulgadas pela imprensa de que o cessar-fogo iniciado ontem poderia durar apenas quatro meses: "O IRA quer a paz permanente", declarou Adams.
As edições do "Sunday Times" de Londres e Dublin noticiaram ontem que, se nenhum progresso fosse obtido nesse período, o grupo iria retomar sua campanha violenta. O impasse nas negociações conduzidas durante o governo anterior fez com que o IRA rompesse sua trégua após 17 meses.
Os separatistas não emitiram qualquer novo comunicado desde o anúncio do cessar-fogo -que passou a vigorar ao meio-dia de ontem (8h de Brasília).
Confiança mútua
O primeiro-ministro irlandês, Bertie Ahern, pediu que os participantes das negociações voltem a restabelecer a confiança mútua para "evitar que se repitam os 30 anos de violência no país".
Parceiros na atual iniciativa de paz, os governos de Londres e Dublin dizem ter um prazo de 8 meses, a partir de 15 de setembro, para tentar acertar as posições divergentes.
Ontem, a maior parte das igrejas católicas e protestantes de Belfast realizou em seus sermões orações para a paz. Na noite de sábado um jovem de 17 anos foi atingido com disparos nas pernas. O ataque foi atribuído a grupos paramilitares protestantes.
Estima-se que 3.200 pessoas tenham morrido, e outras 37 mil, ficado feridas nos 28 anos de violência sectária na Província.

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