São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 1997
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'Feirinha' estimula o consumo impulsivo

EDSON FRANCO
DO ENVIADO ESPECIAL

Num arroubo de modéstia, os curitibanos chamam de "feirinha" a gigantesca feira de artesanato que acontece todos os domingos ao longo do lago da Ordem, no centro. É um programão.
Ocupando ruas, vielas transversais e praças, a "feirinha" é o receptáculo de vários tipos de comércio e de comerciantes.
São antiguidades, suvenires, quinquilharias, objetos de decoração, peças para carros antigos, comida e curitibanos de todos os matizes, reconhecíveis pelo sotaque e por uma sinceridade contundente.
É comum ouvir vendedores e consumidores com sotaque cantado discutindo preço e qualidade com termos nem sempre cordiais.
Apesar da grande variedade de artigos, dominam aqueles que geram um impulso consumista num primeiro momento, enfeitam a sala da casa do consumidor num segundo, são transferidos para o sítio num terceiro e, por fim, são doados para o caseiro.
Nessa categoria estão as estatuetas com camisas de times de futebol, bonecas de pano, esculturas de sucata, naturezas-mortas, piranhas embalsamadas, quebra-cabeças com pregos.
Os preços convidativos dão coceira no bolso. Quem estiver na companhia de crianças dificilmente vai escapar do passeio sem desembolsar algum dinheiro.
Comida
Como a culinária regional não é o forte de Curitiba, nas barracas alimentícias você encontra acarajés, alfajores, empanadas, pastéis, esfihas e chocolates.
Um dos cantos mais interessantes da feira é aquele que reúne colecionadores de carros antigos. Ali, os únicos artigos à venda são peças e acessórios para automóveis fora de linha.
Entre Mavericks, Impalas, Mercedes, camionetes e Fuscas, os colecionadores não discutem preços. Conversam sobre virabrequim, diferencial, carter e peregrinações atrás daquela peça impossível.
A visita à "feirinha" também vale pelas atrações que vão aparecendo pelo meio do caminho.
No centro nervoso da feira, o relógio das flores (não tão colorido nesta época do ano) vem atraindo olhares desde o dia 15 de julho de 1972.
A partir do relógio, na direção oeste, você entra na rua Dr. Kellers e encontra o Museu de Arte do Paraná e os minaretes do Memorial da Imigração Árabe.
Com a divertida combinação de listras verdes e brancas na fachada, o memorial promove um encontro inusitado entre as estéticas do deserto árabe e dos mastros das barbearias norte-americanas.
Na direção leste, a partir do relógio das flores, surge um prédio bem ao estilo da cidade: "estética da gaiola", piso de paralelepípedo, escada em forma de caracol e placas com os nomes dos ex-prefeitos Jaime Lerner e Rafael Greca.
Trata-se do Memorial da Cidade, estrutura de 5.000 m2, com altura equivalente a um prédio de sete andares e que simula a forma de um pinheiro-do-paraná.
Foi construído para celebrar os 300 anos da capital paranaense, completados em 1992.
(EF)

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