São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Clima favorece qualidade da laranja

ROBERTO DE OLIVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A CONCHAL (SP)

As condições climáticas no interior paulista entre março e junho últimos garantiram o amadurecimento antecipado da laranja, rendendo também frutas de melhor qualidade tanto para o mercado interno quanto para a produção de suco.
Essa é a avaliação de citricultores e engenheiros agrônomos. Eles afirmam que boa parte da colheita, a maior de todos os tempos, prevista para terminar entre dezembro e janeiro do ano que vem, poderá ser antecipada este ano.
Os produtores paulistas devem colher 405 milhões de caixas nesta safra, segundo previsão da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus).
"Ainda que a laranja esteja em condições de ser colhida, a comercialização obedece a capacidade de absorção do mercado e das fábricas de suco", afirma Ademerval Garcia, presidente da Abecitrus.
Segundo ele, é cedo para se avaliar a qualidade da fruta.
A variedade valência, que costuma ser colhida em outubro, poderá ser retirada do pé em setembro, segundo o engenheiro agrônomo Miromar Carneado Santos, 32, de Conchal (185 km a norte de São Paulo). Outra variedade que já pode ser colhida é a pêra-rio.
"Dependendo do tipo da laranja e do solo, porém, a fruta pode ficar mais dois meses no pé", explica o agrônomo. Santos alerta que a temperatura pode cair em agosto. "Os ventos fortes e a umidade são fatores prejudiciais."
Segundo ele, caso ocorra uma seca durante cerca de 60 dias a produção pode ser prejudicada.
As chuvas que ocorreram em junho passado só foram semelhantes às de 1956, de acordo com o engenheiro agrônomo Walkmar Brasil de Souza Pinto, 54, da Casa da Agricultura de Bebedouro (383 km a noroeste de São Paulo).
Graças à boa reserva de água no solo, as laranjas estão maiores nesta safra, afirma Souza Pinto.
"Este ano, as noites começaram a esfriar em março. Os dias tiveram um calor moderado. Essas condições climáticas favoreceram o amadurecimento da laranja mais cedo", explica Souza Pinto.
Altino Audo Ortolani, engenheiro agrônomo, agrometeorologista do Instituto Agronômico de Campinas (SP), diz que pomares da região norte do Estado, acima de Bebedouro, já estão em condições de terem suas frutas colhidas.
Na região centro-sul, a laranja não está no ponto. "Há produtores que estão colhendo por causa da aparência externa para vender a fruta no mercado interno", diz.
Florada
As chuvas atingiram índices pluviométricos entre 150 mm e 200 mm no mês passado. Normalmente, neste mês registram-se índices entre 30 mm e 40 mm.
Essas condições climáticas também devem garantir uma florada antecipada para a próxima safra (98/99).
Isso gera uma incerteza. O produtor não sabe se irá continuar chovendo. O agrometeorologista diz que a ausência de chuva nos últimos 30 dias reduziu a reserva hídrica do solo. "Se não chover no final deste mês ou no começo de agosto, parte da florada se perde."
Para o engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura de Bebedouro, os pomares, que normalmente começam a florescer a partir de setembro, já estão florados. "Mas nem sempre uma boa florada corresponde a uma ótima safra."
A florada provoca um desgaste maior da planta. Um pé de laranja pode produzir entre 16 mil e 70 mil flores, dos quais somente entre 1% e 3% serão transformados em fruta. O pé de laranja só começa a render fruta quatro anos depois de ter sido plantado.

LEIA MAIS sobre laranja na pág. 5-4

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