São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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'Pool' de Conchal negocia com indústrias

DO ENVIADO ESPECIAL

Seguindo o exemplo de vários municípios citrícolas do Estado de São Paulo, produtores de Conchal também estão criando um "pool" para negociar a produção com as indústrias de suco de laranja.
"O produtor tem que adquirir consciência para trabalhar em conjunto. Sozinho, ele não tem muita chance", diz Cláudio Roberto Cruz, 36, um dos organizadores do "pool".
Há cerca de dez anos, citricultores paulistas adotaram o "pool" como mecanismo para garantir o escoamento da produção.
Pelo menos 220 produtores participam do "pool" citrícola de Conchal. Deverão ser comercializados pelo grupo 4 milhões de caixas de laranja.
Cruz é produtor de laranja há mais de 20 anos. Ele deverá colher nesta temporada 70 mil caixas da fruta em uma área de 95 ha.
Toda a sua produção será destinada para a indústria de suco. "Consigo manter meus pomares graças ao algodão", afirma o produtor, que planta 370 ha.
"Atualmente é o melhor produto do mercado ", afirma Cruz.
Segundo o produtor, com o algodão é possível obter um lucro superior a 50%.
O produtor José Roberto Marostica, 43, não pensa em abandonar a laranja. Possui 17 mil pés em 80 ha na região de Conchal.
A família de Marostica tem cerca de 500 ha com mais de 100 mil pés na região de Conchal e Araras.
"Espero receber ainda este ano R$ 3 pela caixa da laranja. Atualmente, estamos recebendo R$ 2,10", diz Marostica.
Segundo produtores de Conchal, o custo de produção de uma caixa de laranja é de R$ 1,50. Há ainda os custos de colheita e de transporte que somam R$ 0,50 por caixa.
"Temos que tirar dinheiro do bolso. Não dá para investir em produtividade recebendo esse valor", afirma o produtor Caetano Jesus Albieri, 45.
Para manter sua produção, Albieri, produtor de laranja há 20 anos, irá destinar 80% da sua produção de frutas para o mercado interno. "O que falta para o país é uma política para incentivar o consumo de laranja."
Albieri deverá colher 45 mil caixas de laranja em uma área de 50 ha. Ele possui 21 mil pés de laranja. O principal problema do mercado interno, na opinião de Albieri, é o calote.
"Há oportunistas que entram no mercado, compram sua fruta, mas não pagam."

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