São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Terceirização marca nova fase da produção leiteira no Brasil

GERALDO CALEGAR

Com a abertura da economia e o fim do tabelamento dos preços, produzir leite no Brasil passou a ser uma atividade rentável, porém altamente dependente de tecnologia e de modernas técnicas gerenciais.
Em vista das profundas transformações ocorridas na década de 90, os métodos tradicionais de produção praticamente exauriram sua capacidade de gerar excedentes de renda, ameaçando o emprego de grande parte da população ativa envolvida na atividade leiteira.
Os pequenos produtores estão em xeque, pois carecem de escala de produção para garantir uma renda mínima à sua sobrevivência e investir na modernização.
Outros países que modernizaram a produção de leite o fizeram mediante drástica redução do número de produtores, como os EUA e recentemente a Argentina.
O processo de modernização nesses países resultou na especialização dos produtores, com a descentralização das atividades de produção de alimentos (silagem, feno, concentrados), serviços de máquinas, operação de recria e assistência técnica.
Em países como a Nova Zelândia, os produtores praticamente não dispõem de máquinas na propriedade, e nos EUA o suprimento de volumosos e o processo de recria são, em grande parte, contratados de terceiros.
Em várias partes do Brasil, também já se evidenciam casos de terceirização e oferta de serviços especializados para os produtores.
O processo de recria, um dos mais complicados, já vem sendo oferecido aos cooperados da Cooperativa Nacional Agroindustrial, em Patrocínio (SP).
Serviços de plantio e corte de milho -e posterior preparação de silagem- vêm sendo contratados com sucesso por produtores de várias regiões do país.
A compra de feno de alfafa já é uma prática comum nos principais municípios produtores do Sul de Minas e no norte do Paraná.
Mas para ser mais efetivo, o processo de modernização deveria contar não só com os esforços de produtores individuais e suas cooperativas, como também com a implementação de uma ação integrada na forma de uma parceria entre os setores público e privado, visando acelerar a atualização tecnológica, como vem sendo feito na Argentina.
Com isso, não se preconiza uma intervenção governamental no setor, mas uma parceria que teria um efeito catalisador para um ajuste mais rápido dos agentes que atuam na atividade leiteira aos novos padrões de eficiência produtiva e de competitividade.
A modernização da atividade leiteira reclama uma ação estratégica bem concebida do setor produtivo, envolvendo os diversos segmentos da cadeia produtiva, tendo em vista a redução de custos, aumento de produtividade, melhoria da qualidade do leite e mobilização da capacidade de financiar os investimentos necessários ao desenvolvimento auto-sustentável da atividade.
Nesse particular, revestem-se de grande importância os investimentos em capacitação de técnicos, produtores e seus auxiliares.
O Núcleo de Treinamento em Bovinocultura Leiteira Tropical (Nutre), vinculado ao centro de gado de leite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Gado de Leite, em Coronel Pacheco (MG), representa uma ação concreta para a capacitação de profissionais.
Essa unidade tem abrangência nacional, podendo se deslocar, temporariamente, para qualquer bacia leiteira do país, para melhor servir aos produtores na oferta de novos conhecimentos, mediante prévia negociação com aquela unidade da Embrapa.

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