São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Ato reúne Rainha e capitão da Rota

DA REPORTAGEM LOCAL

A passeata dos policiais reuniu no mesmo palanque pessoas de posições políticas tão díspares como o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, e o deputado estadual malufista Conte Lopes (PPB), capitão da reserva da PM que foi da linha dura da Rota.
"É a unidade pelo salário: de Conte Lopes à CGT", afirmou Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, confederação adversária da CUT.
Paulinho, como é conhecido, participou pela primeira vez ontem de um manifestação de policiais. "Normalmente eles estavam do outro lado."
O líder do MST José Rainha Júnior também fez sua estréia ontem em passeata desse tipo. Com um histórico de embates com a polícia, Rainha justificou sua participação no ato: "O MST não poderia nunca deixar de prestar apoio aos sem-salário".
Na opinião de Rainha, o problema não é com a polícia, mas sim com o governo. "A manifestação não é diferente das outras. Eles são trabalhadores sem salário e ainda têm de enfrentar bandido."
Rainha já foi perseguido pela polícia quando a Justiça expediu uma ordem de prisão contra ele, no ano passado. Sua mulher, Diolinda foi presa. Há cerca de um mês, Rainha foi condenado a 26 anos de prisão sob acusação de ser co-autor do assassinato de um fazendeiro e um PM no Espírito Santo.
Vicentinho, presidente da CUT, participava pela segunda vez ontem de um ato promovido por policiais. Antes, havia acompanhado mulheres de PMs que foram em passeata até o Palácio dos Bandeirantes.
"Antes de mais nada temos de levar em consideração que são pais de família como nós", diz.
Segundo ele, "uma coisa é a instituição e outra, são as pessoas".
O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado, Paulo Siquetto, usa poucas palavras para falar sobre a participação de líderes do MST e da CUT na passeata: "É estranho, né?".
Conte Lopes não vê problemas em participar de manifestações com lideranças de esquerda. "Na Assembléia eu desenvolvo trabalhos com deputados do PT."

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