São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Policiais civis aprovam a paralisação em São Paulo

DA REDAÇÃO

Depois de tentativa fracassada de acordo com o governo estadual, policiais civis de São Paulo aprovaram a realização de greve, em data a ser definida em assembléia na próxima sexta-feira. Se efetivada, a paralisação dos policiais civis deverá afetar a investigação de crimes, o recolhimento de corpos pelo Instituto Médico Legal e a emissão de carteiras de identidade, entre outros serviços. A reunião que decidiu pela greve contou com a participação de 800 pessoas. A categoria soma cerca de 40 mil policiais em todo o Estado.
Na mesma sexta-feira, entidades sindicais engrossarão protestos e caminhadas organizados pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) para marcar o Dia do Trabalhador Rural. "Somos todos sem alguma coisa. A polícia é a 'sem dinheiro"', afirmou Gilmar Mauro, da direção do MST. PMs grevistas de Pernambuco irão participar de protesto no Estado.
Se confirmada, a decisão de São Paulo pode reforçar articulação de policiais civis e militares para nacionalizar o movimento por melhores salários, que começou em Minas Gerais, espalhou-se por pelo menos 13 Estados e obrigou tropas do Exército a entrar em ação em três capitais -Recife (PE), Maceió (AL) e Campo Grande (MS). "Essa coordenação é essencial", disse o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas, José Carlos Fernandes, no protesto de policiais de São Paulo, que mobilizou menos participantes do que os 3.000 esperados.
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a situação "está sob controle", embora defina o caso de Pernambuco, onde a greve dura uma semana, como "preocupante". O Estado vive sob clima de tensão. O Exército patrulha as ruas de Recife, que adotou toque de recolher informal. Para evitar saques e roubos, a maioria das lojas fechou antes das 17h. Algumas agências bancárias não abriram. No sertão, ladrões assaltaram ônibus nas estradas. O governo decidiu retomar o diálogo com os grevistas.
O governador interino de Alagoas, Manoel Gomes de Barros, pressionado pelo governo federal, anunciou o rompimento unilateral de acordos com usineiros, que geraram prejuízo de R$ 700 milhões ao Estado. A cobrança de imposto estadual, suspensa desde 88, deve ser retomada. Os usineiros vão recorrer. A União pode decretar estado de calamidade pública para facilitar a ajuda ao Estado, que só deve ocorrer em dez dias.
No Rio Grande do Sul, os policiais rejeitaram proposta do governo e devem parar amanhã. As negociações entre o governo do Mato Grosso do Sul e a PM, em greve desde sexta, foram retomadas. A Polícia Civil suspendeu a greve no Estado.

LEIA MAIS sobre a crise nos Estados da pág 1-5 à 1-10

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