São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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PF não tem provas para indiciar suspeito

MARCELO GODOY
LUCIANA BENATTI

MARCELO GODOY; LUCIANA BENATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Polícia diz esperar laudo pericial sobre explosão em Fokker para obter algo 'mais concreto' contra professor

A Polícia Federal ainda não tem provas materiais contra o professor Leonardo Teodoro de Castro, um dos principais suspeitos de ter provocado a explosão no vôo 283 da TAM. Por isso, segundo o delegado Pedro Sarzi Júnior, que preside o inquérito, ele não pôde ser indiciado.
"Estamos aguardando o laudo pericial. Sem ele não temos o elo de ligação com alguma coisa mais concreta", afirmou o delegado.
Peritos do CTA (Centro Técnico Aeroespacial), de São José dos Campos (97 km de SP), estão analisando o material apreendido pela PF no apartamento do professor.
Segundo o delegado, até agora a Justiça Federal expediu um único mandado de busca e apreensão autorizando a investigação realizada no apartamento do professor.
"Se qualquer outro indício surgir, levando à suspeita de qualquer outra pessoa, também será apurado", disse o delegado.
A PF também está fazendo um croqui com a movimentação dos passageiros no interior do Fokker-100 durante a viagem entre São José dos Campos e São Paulo.
O objetivo é descobrir quais os passageiros que estiveram próximos do epicentro da explosão antes de ela ocorrer e quais os que poderiam ter tido contato com algum objeto que pudesse explodir.
A PF ainda trabalha com três suspeitos para o caso: o próprio professor Castro, o empresário Fernando Caldeira de Moura, morto na explosão, e um suposto grupo terrorista que reivindicou o atentado em uma carta encontrada na semana passada.
Na tarde de ontem, a PF ouviu os depoimentos de dois passageiros: o casal Benedito de Andrade Pinto e Carmen Lúcia de Almeida Fonseca, de São José dos Campos.
Segundo policiais envolvidos na apuração do caso, os depoimentos dos dois foram "esclarecedores" para a elaboração do croqui.
Antes do depoimento, de quase três horas, o casal, que ocupou as poltronas 12 A e 12 B, havia afirmado não ter visto o professor antes da explosão.
Depois de depor, não quiseram dar entrevista.
Ontem, o gerente de tráfego da TAM Marco Antonio Barbosa foi à sede da PF para prestar esclarecimentos sobre a aeronave. Na semana passada, ele havia fornecido à PF uma planta do avião.
Até ontem, nove passageiros e os cinco tripulantes já haviam prestado depoimento à PF, que pretende ouvir ainda outros 30 passageiros.
Os de Brasília, Cuiabá e Vitória devem ser ouvidos até a próxima sexta-feira. Os de Londrina e Manaus devem começar a depor a partir da próxima semana.
Segundo o delegado Sarzi Júnior, a PF poderá enviar equipes para agilizar os depoimentos dos passageiros de outros Estados.

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