São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Consulado quer R$ 3.000 por traslado

Brasileira morreu na Espanha

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A dançarina brasileira Sandra Regina Matheus, 26, morreu há mais de um mês em Santa Cruz de Tenerife, na Espanha, mas a família ainda aguarda o traslado do corpo para o Brasil.
O motivo para a demora é a cobrança de R$ 3.000,00 pelo consulado brasileiro em Madri para transportar o corpo até São Paulo.
"Começaram cobrando cerca de R$ 6.000,00 pelo traslado e foram diminuindo o preço, como se estivessem numa liquidação de loja", reclama Marli Zei, amiga da família de Sandra.
Ainda segundo a amiga, a família não tem condições de assumir as despesas.
Sandra era a mais nova dos três filhos do aposentado José Matheus, 61, e da funcionária pública Marlene da Silva Matheus, 55. Tinha uma filha, Caroline Regina, 7.
Entre idas e vindas, estava na Espanha há cerca de sete meses. "Ela foi para uma apresentação de dança, acabou se apaixonando por um espanhol, ficou noiva e voltaria agora para o Brasil para casar e buscar a filha", afirma Matheus. "No dia 13 de junho fomos surpreendidos pela notícia da morte".
O pai de Sandra disse à Folha que sua filha sofria com frequência espasmos e convulsões. "Acho que era epilepsia", afirma. "Mas, segundo o noivo dela, a morte foi tranquila, ela morreu dormindo".
A simplicidade, a desinformação e a situação financeira da família motivaram a intervenção de amigos e conhecidos.
Segundo a amiga da família Bia Panzoni, a preocupação maior é permitir que os familiares possam enterrar o corpo de Sandra em São Paulo. "Tememos que ela seja enterrada como indigente na Espanha", diz Bia.
"Até um telegrama ao presidente Fernando Henrique Cardoso já foi enviado, mas não obtivemos qualquer resposta", afirma.
Manual de diplomacia
O Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) decidiu não arcar com as despesas do transporte do corpo de Sandra Regina Matheus com base no Manual de Serviço Consular Jurídico Brasileiro.
No capítulo 3, o manual diz que as despesas de embalsamento e transporte do corpo são de responsabilidade dos familiares.
(MRH)

Colaborou a Sucursal de Brasília

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