São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ribeirão bate recorde de Aids no Estado

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ribeirão Preto teve a maior incidência de Aids no Estado de São Paulo e foi a recordista de casos da doença em 1995.
O índice foi calculado pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), baseado nos dados do Anuário Estatístico-96 divulgado ontem no Rio.
Segundo o IBGE, Ribeirão Preto (319 km ao norte de SP) teve o maior número de infectados (56 por 100 mil habitantes) e ultrapassou Santos (53), São José do Rio Preto (44) e São Paulo (29).
O cálculo contraria as estatísticas feitas pela Secretaria de Estado da Saúde, em que Santos aparece na liderança em 1995 (73 por 100 mil pessoas) e Ribeirão, em segundo lugar no Estado (63 por 100 mil).
Explicação
A diferença nos números ocorre porque os estudos são feitos com base em diferentes fontes.
A secretaria usa números de notificações de casos de Aids da Vigilância Sanitária Estadual, e a população das cidades é calculada pela Fundação Seade. Já o IBGE usou os números de notificações do Ministério da Saúde e o número de habitantes calculado pelo próprio instituto.
Mas, segundo a própria secretaria, o cálculo feito pelo IBGE pode estar mais próximo da realidade. "Há uma tendência maior de crescimento de casos em Ribeirão do que em Santos", afirma Artur Kalichman, coordenador do Programa DST-Aids do Estado (Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids da Secretaria da Saúde).
Segundo ele, Ribeirão estaria caminhando para o seu "pico" e Santos já teria ultrapassado essa fase. A prova disso são, segundo ele, os levantamentos realizados até maio deste ano, que mostram uma tendência de Ribeirão ultrapassar Santos (72 km de SP) também no ano passado.
Em números absolutos, Santos registrou 244 casos da doença em 96 e Ribeirão Preto, 285. "E esse número deve aumentar", diz Kalichman.
A secretaria ainda não fez o cálculo de incidência para 1996. Normalmente, essa conta só é feita em julho do ano seguinte para evitar grandes distorções (calcula-se que apenas 60% dos casos sejam notificados até o fim de cada ano).
No Brasil, segundo o cálculo feito pelo IBGE, Itajaí (SC) continua sendo a recordista no país, com 69 casos por 100 mil habitantes.
Ribeirão ocupa o 5º lugar, segundo o Ministério da Saúde (que faz um terceiro cálculo baseado em casos acumulados desde o surgimento da doença) e o 3º, segundo o IBGE.
Segundo Kalichman, independentemente de campanhas, Santos já atingiu o seu auge em 92, quando registrou 403 casos. Ele acha que os governos municipais têm se esforçado criando programas para evitar a disseminação do HIV, vírus causador da doença.
Causas
Segundo o DST-Aids, a maioria dos doentes notificados em Ribeirão se contaminou pelo uso de drogas injetáveis.
Em seguida, vêm os casos de pacientes heterossexuais que utilizam drogas injetáveis e que também têm múltiplos parceiros sexuais, com 262 casos.

Colaborou a Folha Ribeirão

Texto Anterior: Grupo faz reféns em roubo a hipermercado
Próximo Texto: Droga causa 50% dos casos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.