São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Ainda na UTI, professor pode 'acordar' hoje

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

O professor Leonardo Teodoro de Castro, 58, pode despertar hoje do coma em que está desde o dia 12, quando foi atropelado por um ônibus na avenida Santo Amaro (zona sul de São Paulo).
Ele ainda corre risco de vida e deve continuar internado na UTI por mais três ou quatro dias, se mantiver o atual nível de recuperação.
Segundo José Osmar Medina Pestana, diretor clínico do Hospital São Paulo, onde ele está internado, ontem foram suspensos os sedativos que o mantinham desacordado. Não havendo lesão cerebral grave, Castro deve voltar à consciência em até 24 horas.
Tomografia feita no cérebro do professor revelou pequenas lesões, demonstradas por pontos de inchaço, mas os médicos acreditam que não sejam sérias. "Se forem de fato superficiais, desaparecerão em algum tempo", disse Medina.
Os sedativos que geram o coma de Castro são receitados para evitar que estranhe os tubos que vão até seu pulmão, tendo acessos de tosse, por exemplo.
Seu principal problema é no pulmão direito, que, segundo Medina, foi perfurado por uma costela que se partiu no atropelamento.
Ele continua respirando com ajuda de aparelhos, mas um derrame -formação de líquidos- que atingiu o pulmão já foi contornado. Ontem foi retirado o dreno que permitia a saída de líquidos de seu tórax. Hoje pode ser retirado o respirador artificial.
Medina disse que ainda é cedo para avaliar quando Castro terá condições para prestar depoimento, mas acredita que, em princípio, 48 ou 72 horas serão suficientes para que converse de forma relativamente normal.
Os profissionais da equipe médica que cuidam do professor aguardam sua volta à consciência para decidir como colocá-lo a par da investigação do acidente.
Não está definido ainda quem vai dizer ao professor que, hoje, ele é o principal suspeito pela bomba que explodiu no Fokker-100, embora não haja provas materiais contra ele. A família pode ser chamada.
O hospital informou que a família de Castro o visitou no início da internação, mas desde meados da semana passada tem se mantida informada de seu estado por meio de telefonemas para o hospital.
Quando foi atropelado, Castro já tinha tido sua casa revistada pela PF, mas a opinião pública não sabia que estava sendo investigado.
Medina admitiu que os médicos se preocupam com a possibilidade de Castro estar em estado de depressão ao despertar. Eles esperam que acorde para entrevistá-lo.
O hospital diz estar preparado para o caso de o atropelamento ter sido uma tentativa de suicídio. Se isso for confirmado, Castro terá tratamento especial.

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