São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Indonésia sofre novo ataque especulativo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A moeda da Indonésia sofreu ontem ataque especulativo, pouco mais de uma semana após o governo ter ampliado sua banda de flutuação numa tentativa de conter a crise cambial que ameaça economias do Sudeste Asiático.
A rupia registrou a maior desvalorização em um único dia, quando investidores internacionais decidiram testar o teto determinado pelo banco central do país.
O dólar iniciou o dia negociado a 2.510 rupias e chegou a 2.650 rupias, nível em que o governo entrou no mercado para defender a cotação da moeda nacional.
A valorização do dólar no dia chegou a 5,6%, empurrando a rupia para a cotação mais baixa da história. No final, após a intervenção, o dólar cedeu e fechou com alta de cerca de 5% em Nova York.
A banda cambial estipulada pelo governo varia de um piso de 2.377 rupias a um teto de 2.681 rupias.
Na segunda semana deste mês, a Indonésia aumentou para 12% a banda cambial que, desde setembro, era de 8%.
A medida, anunciada dias após a desvalorização da moeda da Tailândia, foi interpretada pelo mercado como recuo da posição do governo de defender sua moeda num determinado nível.
Na ocasião, 11 de julho, a desvalorização foi pequena. A queda foi de apenas 0,6%, enquanto o peso filipino, vítima da mesma pressão, declinou 6,4% após sua flutuação ter sido permitida.
Operadores do mercado asiático estão divididos sobre a manutenção da tendência de desvalorização. A maioria acha que a pressão vai continuar nos próximos dias.
Alguns, no entanto, acreditam que os ataques perderiam força após a reunião, na sexta-feira, de presidentes de bancos centrais da região, em Shangai, na China.
As moedas dos "tigres asiáticos" têm em comum o fato de estarem sendo pressionadas devido à deterioração das contas externas dos países da região. Na Indonésia, o déficit em conta corrente equivale a 5% do PIB (Produto Interno Bruto), que é toda a riqueza gerada pelo país em um ano.
A desvalorização cambial teve impacto negativo sobre o mercado acionário. Na Bolsa de Jacarta, a capital do país, o principal índice chegou a declinar 1,60% ontem, antes de se recuperar.
Em ocasiões anteriores, a desvalorização de moedas do Sudeste Asiático era acompanhada de alta das Bolsas devido ao impulso que representam para as exportações.
Visão do FMI
Em Washington, o ataque especulativo à rupia foi acompanhado com atenção pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Estamos confiantes de que eles sabem o que fazem para enfrentar a pressão do mercado", afirmou Stanley Fischer, primeiro vice-diretor-gerente do FMI, sobre a atuação das autoridades monetárias da Indonésia.
O FMI tem elogiado os governos do Sudeste Asiático que enfrentam dificuldades cambiais desde o início do mês, quando a Tailândia desvalorizou sua moeda, deflagrando a crise na região.
Ontem, no entanto, Fischer foi mais econômico nos elogios e enfatizou que a Tailândia precisa agir rápido para que o ritmo de crescimento do país não seja afetado.
O executivo do FMI disse que é provável que a Tailândia precise de um pacote de medidas fiscais e bancárias para evitar a ameaça da desaceleração econômica.
"Não estamos prevendo expansão zero. Achamos que se iniciativas forem tomadas logo, ainda poderá haver algum crescimento neste ano", afirmou.
Ele advertiu que, na ausência das medidas sugeridas pelo FMI, o país poderá enfrentar um longo período de pequena expansão.
Fischer chegou a comparar a Tailândia com o México, que em dezembro de 1994 também sofreu crise cambial.
Disse que a diferença é de escala. Por isso, concluiu, é improvável que a Tailândia tenha recessão.

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