São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Risco é maior nas vendas parceladas sem entrada

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento da inadimplência no segundo trimestre deste ano foi provocado, sobretudo, por uma facilidade de pagamento concedida pelas próprias lojas -a compra sem entrada.
Preocupadas em desovar estoques, algumas empresas abriram mão do pagamento da primeira parcela no ato da compra.
"Só que, historicamente, a inadimplência na venda sem entrada é o dobro", diz Daniella Harnist, analista do Bozano, Simonsen.
Além disso, diz ela, o desemprego contribuiu para o aumento da inadimplência. "E mais: os novos consumidores que ingressaram no mercado não têm antecedentes que possam indicar se eles são bons ou maus pagadores."
O Ponto Frio, que recentemente anunciou ao mercado que a inadimplência deve abalar o resultado da empresa, informa que, no primeiro trimestre deste ano, a venda sem entrada chegou a participar com 55% do crediário. Em igual período de 1996 representava 23%.
"A concorrência acirrada entre as empresas para desovar os estoques acabou contaminando nossa carteira de crédito -o financiamento liberado tinha mais riscos", diz Romolo Isaia, diretor de planejamento da Globex (Ponto Frio).
Ele conta que a expectativa da rede é que 8,8% das prestações que têm vencimentos em abril, maio e junho não serão pagas. Em igual período do ano passado, esse percentual foi de 4,7%, e no primeiro trimestre deste ano, de 7,7%.
"A inadimplência está muita alta. O pico havia sido em um mês de 1995, quando alcançou 9%." Se o tamanho desse calote persistir, diz Isaia, os resultados da rede serão significativamente afetados. A empresa considera perda os atrasos no pagamento superiores a 180 dias.
Para reduzir o risco do calote, o Ponto Frio decidiu limitar a venda de produtos sem entrada. A participação da venda sem entrada já caiu de 55% para 45%. A tendência é que chegue a corresponder a 40% -e, ainda assim, nas lojas que têm menor registro de inadimplência.
Isaia diz que o efeito da inadimplência no resultado da empresa pode ser expressivo, mas, ainda assim, a rede de lojas opera com lucro.
(FF)

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