São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Camelô ganha R$ 500 por mês e paga dívida com atraso

Ele diz que o dinheiro acaba sempre antes do final do mês

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O camelô Paulo Fernando Alves do Vale, 32, diz que é prática comum pagar prestação atrasada. "Sempre aparece um gasto extra e por isso falta dinheiro para pagar a conta em dia."
Alves do Vale quitou na sexta-feira, com um atraso de pouco mais de um mês, uma prestação de R$ 147 -R$ 8 a mais do que deveria ter pago (R$ 139) se fosse em dia- na loja da Casas Bahia da praça Ramos, no centro de São Paulo.
"Não há jeito, sempre pago com atraso, assim como toda minha família." O camelô conta que recebe R$ 500 por mês.
Na Casas Bahia, adquiriu há oito meses um fogão, uma geladeira e um beliche para ser pagos em dez de R$ 139. "Ainda bem que só faltam duas."
O motorista João Batista Vilela, 33, liquidou na última sexta-feira duas prestações, na mesma loja, com 38 dias de atraso. Uma de R$ 113,20 acabou subindo para R$ 120 e outra de R$ 39,20 aumentou para R$ 42.
"Fiz uma cirurgia, e o dinheiro ficou curto. Não deu para pagar em dia", explica Vilela, que adquiriu dois guarda-roupas para ser pagos em dez meses.
Roseli Bobio Gomes, 24, doméstica, também costuma atrasar. Na sexta-feira, quitou uma prestação que estava atrasada havia 18 dias. A prestação subiu de R$ 114 para R$ 115,25. "A diferença não é tão grande. Por isso atraso um pouco."
O porteiro Gilberto da Costa Leal, 31, considera-se exceção. "Tento pagar as prestações antes da data do vencimento." Sua maior preocupação é ficar com o nome "sujo" na praça.
(FF)

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