São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Gays comemoram apoio de Hollywood a festival de filmes

ANDRÉ FISCHER
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

A exibição do longa-metragem lésbico indiano "Fire" encerrou no domingo o OutFest 97 - 15th Los Angeles Gay and Lesbian Film Festival. O evento comemora sua mais bem-sucedida edição com um público que superou a marca de 30 mil espectadores.
O Festival esteve presente na grande mídia da capital mundial do cinema e faixas e bandeiras do OutFest tremulavam nas principais vias da Hollywood, incluindo o badalado Sunset Boulevard.
Essa superexposição foi justamente a grande questão que levantou calorosos debates entre público e realizadores nos bem montados cafés e restaurantes no Directors Guild of America. Apenas a histeria em torno do serial killer Andrew Cunanan, acusado da morte do estilista italiano Gianni Versace, conseguiu maior atenção na comunidade gay da cidade.
O apoio financeiro sem precedente dos estúdios de Hollywood e grandes empresas a um evento gay teve um efeito imediato na busca de espaço mais comercial para uma temática antes considerada underground.
"O maior problema dessa viabilidade comercial está na reprodução de uma linguagem estabelecida pela indústria cinematográfica e o abandono da busca de uma nova linguagem característica das produções independentes", diz Sandi Dubowski, diretor do documentário sobre judeus ortodoxos gays "Trembling Before God".
"Falta alma em muitos desses filmes", reclama Shari Frilot, diretora do New York Lesbian and Gay Experimental Film Festival, evento que privilegia produções que têm dificuldades para chegar ao circuito comercial. O produtor de efeitos especiais para cinema James Brown se queixa também: "Parte do espírito de ser gay é ser um pouco marginal".
"Patrocinadores possibilitam um número maior de filmes para a comunidade se ver retratada nas telas e criar sua própria história", afirma Dawn Suggs, diretora negra do lésbico "FireFly". James Santiago, que acompanha o festival desde sua primeira edição de 1982, acredita que a conquista de espaço no grande circuito dá credibilidade à causa gay.
Fato inegável é que produções mais bem cuidadas e com maiores orçamentos como "All The Rage" e o canadense "L'Escorte" já têm distribuição garantida e fizeram mais sucesso com os chamados GWM ("gay white male" -homens brancos gays- ou segundo a nova gíria "gay with money" -gays com dinheiro).
O mercado parece responder a proposta do OutFest de atingir um grande público. Esse ano cerca de 40 empresas, um variado leque que abrange publicações direcionadas ao público GLS, bebidas alcoólicas e gravadoras, hasteavam seus banners e distribuíam brindes para gays e lésbicas que lotaram durante dez dias as quatro salas do Festival.

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