São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Sapato preto é pedra no sapato do brasileiro

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Quando PC Farias, escondido em Buenos Aires, queria ir a algum restaurante, ele pedia para o piloto Jorge Bandeira entrar antes no local e verificar se havia algum par de sapatos pretos.
Sapato preto na área era a sinalização inequívoca da presença de um algum indesejado (para ele, PC) patrício no pedaço.
Esse infeliz episódio revela o quanto o homem brasileiro é apegado aos sapatos pretos.
"Assim como ensinaram para a mulher que o vestidinho preto serve para tudo, ensinaram para o homem brasileiro que é mais fácil usar o sapato preto", diz Glória Kalil, que prepara uma versão masculina do seu best seller "Chic" (o fato de o livro vender tanto indica que não é só o homem que está à procura de uma orientação nesse terreno).
Em "Chic", apesar de mais concentrado na moda feminina, Glória informa qual o sapato mais adequado para se usar com um terno branco: o de duas cores, branco e marrom (não é mesmo chique?).
Há 35 anos (que herdaram da família outros 50 anos trabalhando no mesmo ramo, na Itália) cuidando, no clássico endereço do número 667 da rua Oscar Freire, dos mais elegantes pés nacionais, Altemio Spinelli percebe que o conservadorismo do sapato preto vem desaparecendo aqui entre os brasileiros -pelo menos entre os seus consumidores, de bom gosto.
A mulher de Altemio, Walkiria, diz que a tendência para os homens é um sapato com mais volume (mais inglês do que italiano), que dá mais consistência ao pé.
"Para os ternos entre o bege e o marrom, recomendo sapatos que vão do havana ao marrom; para os azul-marinho e cinza, recomendo do bordeaux ao preto. Terno preto precisa de sapato preto. O preto só fica um pouco pesado no verão", observa Walkiria Spinelli.
"Um dos calcanhares-de-aquiles dos homens é não saber combinar sapatos e meias com roupas", escreve Fernando de Barros. Existe pelo menos uma ocasião em que ele recomenda que não se use o sapato preto: com jeans.
Alan Flusser escreve que "enquanto sapatos pretos são previsivelmente corretos para ternos escuros e roupas formais, o marrom realmente oferece ao homem mais flexibilidade estilística".
Segundo ele, os milaneses são quase religiosos na sua preferência pelos sapatos marrons, no lugar dos pretos.
Dizem que, depois da gravata, a primeira coisa que uma mulher olha no homem é o sapato. Portanto, olhe para o seus pés.
(MSJ)

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