São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Steve Winwood; Mutton Birds; Hanson; Tetê Espíndola; Arranco de Varsóvia; Tárcio

PEDRO ALEXANDRE SANCHES

Steve Winwood
Integrante histórico da banda Traffic, Steve Winwood não perde o pique em "Junction Seven" (Virgin). O vozeirão vem calçado da co-produção do mago pasteurizador Narada Michael Walden e da participação de Lenny Kravitz na guitarra. Entre baladas intragáveis, o momento fofura é versão de "Family Affair", de Sly Stone. Winwood chama para fazê-lo ninguém menos que Nile Rodgers (inventor do Chic), que transforma o funk original em disco music irrepreensível. (PAS)

Mutton Birds
O reinado aqui é da melodia escancarada. "Envy of Angels" (Virgin), dos Mutton Birds, expõe o pop da Nova Zelândia -sim, tal lugar existe no mapa musical; cedeu também integrantes do Luna, banda sediada em Nova York. Embora citem como referências artistas da América -Byrds, Neil Young, Big Star-, os Birds refugiaram-se na Inglaterra, da qual trazem uma mixórdia estranha de Beatles e Smiths, de melodias desbragadas -no caso, é o que conta.
(PAS)

Hanson
A praga se alastra: "Middle of Nowhere" (PolyGram) apresenta o trio Hanson, versão adolescente (11, 13 e 16 aninhos) e masculina das Spice Girls. Ou seja: é outra banda branca de funk que xeroca o black pop perfeito do Jackson Five, do molequinho Michael Jackson. Têm-se aí três novos candidatos a Michael, meninos que o estouro de "Mmmbop" quer fazer crer geniais. São corretinhos, mas pré-fabricados sobre alicerces que não tinham como dar errado.
(PAS)

Tetê Espíndola
Audácia da pilombeta. Tetê Espíndola volta em "Ouvir/Birds" (Luz Azul), CD de trinados em que faz duetos com passarinhos, abdicando de frases ou palavras humanas. "Quero-Quero", "Tinguaçu", "Bico-de-Brasa", "Uru", "Seriema" parecem resultado de pesquisa meticulosa, mas daí ao toca-discos há a distância do nervo necessário para atravessar tantos pios, piados e grasnidos. Tetê confirma-se cantora de porte nunca disposta a concessões ao ouvinte.
(PAS)

Arranco de Varsóvia
O grupo carioca de samba Arranco de Varsóvia chega com "Quem É de Sambar" (Dubas), com standards de Cartola, Carlos Cachaça, Heitor dos Prazeres, Pedro Caetano, Haroldo Barbosa, Martinho da Vila, Ivone Lara e outros. A roupagem é virtuosa, mas a insistência no canto coral -trechos "comunitários" sempre predominam sobre os solos- afasta o resultado dos domínios do samba, aproximando-o às vezes do canto de igreja -que nada tem a ver com o samba em si. (PAS)

Tárcio
A voz parece a do Djavan, mas os padrinhos são -de novo!!!- Caetano, Gil e Menescal. O pop é arrumadinho, e Tárcio, 22, que se lança disco homônimo pela BMG, morre na praia, em especial pela obviedade do repertório. Quem ainda aguenta ouvir alguém cantando "Odara" e "Gita" na porta do século 21? Não dá. De resto é Cazuza ("Bete Balanço", de novo), Herbert Vianna, Lulu Santos, Rita Lee, Gilberto Gil e Djavan, Ivan Lins. Criatividade passa longe.
(PAS)

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