São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Megamix de Herchcovitch desafia o gosto médio

ERIKA PALOMINO

ERIKA PALOMINO; JACKSON ARAUJO
COLUNISTA DA FOLHA

JACKSON ARAUJO
Alexandre Herchcovitch está cada dia mais difícil. Sua coleção apresentada anteontem no MorumbiFashion Brasil é feita para insiders e fashionistas. Ou seja: para quem tem informação de moda e disposição para penetrar no universo de referências do estilista.
O MorumbiFashion Brasil termina amanhã, depois de mostrar as coleções de verão de 23 marcas no pavilhão Manoel da Nóbrega, no parque Ibirapuera, zona sudoeste de São Paulo.
Desta vez Herchcovitch surpreende às avessas. Não traz o choque, a polêmica barata, a agressividade explícita ou seu caráter underground. Vem suave, em tons leves e música tranquila.
Onde está o impacto, então? Em looks extremamente sofisticados, desenvolvidos a partir de um registro anos 80, quase kitsch. O que são meninos de peruca tipo pajem sobre os olhos e com calças curtas? As garotas de (inusáveis) peças de aeróbica demodé? As listras sem justificativa?
São as vontades de moda do estilista, editadas em megamix. Ele cria com a mão solta, desafiando a compreensão e o gosto médio. O verão de Herchcovitch é feio.
O japonismo oitenta que é tendência vira dominó para o estilista, nos fraques desdobrados com brilhantismo em saias e em vestidos negros cortados em modelagem plana.
A alfaiataria desenvolvida por Herchcovitch está ainda mais coerente e bem feita. Atenção para as impecáveis calças de boca muito larga, usadas com o exótico tênis/sandália Raider.
As camisas ganham gola deslocada, bem como seu abotoamento. Herchcovitch traz do além coletes, gravatas a borboleta e os shortinhos de jogging. O look clown -em Marina Dias- lida com a auto-ironia que é marca do estilista, conjugando num só momento todos os conceitos da coleção.
Alexandre Herchcovitch não está aqui para explicar. E sim para confundir.
Fause Haten
Deixando por pouco as referências de surfistas, divas e coristas, Haten fez vestidões por todos os lados, em tafetás, penas de pavão, faisão, plumas, canutilhos, melindrosas, sereias, em roupas que atendem sabe-se lá a quem.
Marisa Orth deu a deixa para a seção das coristas anos 30/40, que mais se aproximaram de roupas para Carnaval -cuja expressão máxima acontece no modelo desfilado por Alessandra Berriel.
Haten fala de fantasia de moda em seu texto de apresentação. Alguma coisa está fora do lugar.

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