São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 1997
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Mostras buscam dimensão escondida

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REDAÇÃO

Três exposições começam hoje em São Paulo com uma característica em comum. Descontentes com os limites que os artistas lhes deram, suas obras buscam se alongar para outras dimensões.
Marcus André, por exemplo, que abre exposição individual na Casa Triângulo, convida os olhos dos espectadores a entrarem para o interior de suas telas.
O principal questionamento da pintura do artista carioca é o espaço. Com uma abstração delicada, que ele produz com encáustica -técnica de pintura baseada no uso de pigmentos e cera-, André busca aquilo que está por trás da pintura.
"Não sigo nenhum forma de narrativa", diz Marcus André, "procuro discutir as questões da pintura, como a luz, a forma, a densidade, o tato e, principalmente, o espaço".
Com gestos contidos, o artista busca a sensibilidade dos olhos, que ao passearem pelos brilhos e cores escondidos das pinturas, são "sugados" para o interior das telas.
Infinitos
Sem chão nem céu, os desenhos que a artista plástica Sandra Cinto mostra na coletiva que a mesma Casa Triângulo abre hoje também vão além dos limites que lhe foram dados.
Com traços finos e delicados, a artista cria um universo onírico formado por "árvores, castiçais, balanços e abismos".
Obsessivos, os desenhos preenchem toda a extensão de uma parede preta da galeria e rompem a bidimensionalidade em dois objetos que complementam a obra da artista.
As peças em bronze representam pedaços de árvores, como se os desenhos estivessem saindo da parede e se transformando em esculturas.
Sandra, que expõe obra semelhante em coletiva no Paço das Artes, explica que seu trabalho não deve ser chamado de instalação. "Seria necessário um diálogo maior com o espaço da galeria", diz a artista, uma das participantes da megaexposição "Antarctica Artes com a Folha", em 1996.
O paranaense Valdirlei Dias Nunes, que participa da mesma coletiva que Sandra, também "materializou" sua obra.
Suas pinturas, que sempre flertavam com a tridimensionalidade, acabaram tomando forma de objetos. Ele mostra na Casa Triângulo duas peças em bronze: a reprodução de um vaso de murano e uma série de esferas de tamanhos diferentes.
Os artistas Elias Muradi e José Bento complementam a coletiva.

Exposições: Marcus André e "Salas Especiais Esculturas"
Vernissage: hoje, às 21h
Quando: terça a domingo, das 14h às 20h; até 12 de agosto ("Salas Especiais..." termina dia 5 de agosto)
Onde: Casa Triângulo (r. Bento Freitas, 33, região central, tel. 011/220-5910)
Preços das obras: de R$ 500 a R$ 5.000

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