São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Líder das PMs critica reajuste de oficiais

SILVANA DE FREITAS

SILVANA DE FREITAS; ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Presidente do conselho de comandantes das PMs afirma que aumento diferenciado para a cúpula é 'explosivo'

O presidente do Conselho dos Comandantes Gerais das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros, coronel Luiz Fernando de Lara, afirmou ontem que os próprios comandos das corporações contribuíram para a crise na segurança pública.
Ele criticou a prática comum de concessão de aumentos salariais diferenciados para as cúpulas das corporações. "Eu considero isso explosivo", disse ao chegar à Câmara dos Deputados para participar de debate sobre a crise.
Segundo Lara, a responsabilidade pela onda de greves nas polícias também é dos governadores, que não teriam sido sensíveis ao problema salarial.
O presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores nas Polícias Civis, José Milton Oliveira, defendeu a unificação das polícias estaduais como alternativa para acabar com privilégios hoje assegurados apenas à cúpula das corporações.
Segundo ele, 40% dos orçamentos das polícias estaduais estão comprometidos com o pagamento de salários ou de mordomias (carro, combustível, motorista e garçom) a oficiais dos comandos.
Unificação
A unificação das polícias não é consensual. A representante do Ministério Público, Ela Volkemer Castilho, apoiou a proposta da Polícia Civil. O representante dos comandos das PMs classificou a proposta de falaciosa (enganadora).
Luiz Fernando de Lara aproveitou o debate na Câmara para propor a fixação de piso salarial nacional de R$ 1.000 à PM, que seria instituído de forma escalonada, até o final do mandato do governo (dezembro de 1998).
Embora afirme não apoiar a greve das polícias, o representante dos comandos das PMs defendeu as reivindicações da base. "Não há ninguém melhor do que eles (comandantes) para entender a penúria de suas tropas."
Lara disse que o piso em alguns Estados é "ridículo". Afirmou que, na Paraíba e Piauí, o menor soldo está em torno de R$ 170.
Segundo ele, a quebra de hierarquia e disciplina, nas greves, é decorrente da "situação de desgraça" que o país está vivendo. Lara defendeu a punição dos responsáveis.
O secretário de Planejamento de Ações Nacionais de Segurança Pública, general Gilberto Serra, reconheceu o problema da baixa remuneração das polícias estaduais, mas disse que a crise também resultaria de "aspectos específicos de cada Estado".

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