São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Paulista amanhece ocupada por GCMs

DA REPORTAGEM LOCAL; DA FT

A avenida Paulista amanheceu ontem ocupada por 210 homens da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Durante o dia, o número de guardas aumentou para 420.
Com uma equipe em cada esquina da avenida, a GCM impediu que os camelôs instalassem suas barracas na avenida.
"Há uma lei municipal, aprovada no início da gestão Maluf, que proíbe o comércio ambulante na Paulista", afirmou o coronel Emílio Wagner Jorge Kourrouski, comandante da GCM.
Ele disse que os guardas vão continuar na avenida todos os dias "quantos forem necessários para que a ordem do prefeito Celso Pitta seja cumprida".
Durante a noite, segundo o comandante, moradores de rua foram levados para albergues e algumas barracas foram apreendidas -ele não soube dizer quantas.
O secretário das Administrações Regionais, Alfredo Mário Savelli, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a operação continua hoje.
Segundo a Secretaria das Administrações Regionais, cerca de 500 ambulantes trabalham na região. Os camelôs dizem que o número é muito maior: cerca de 3.000.
Somente os integrantes da feira de artesanato do Masp vão poder continuar trabalhando na região, apenas aos domingos. Segundo a prefeitura, eles possuem licença.
'Nunca precisei roubar'
Apesar da proibição, Fabrícia Teodora, 19, conseguiu trabalhar durante toda a manhã sem ser importunada. "Fiquei escondida aqui ao lado do orelhão. Graças a Deus, eles não me viram."
Fabrícia trabalha há dois anos na Paulista, vendendo cartões e fichas telefônicas. "Se me tirarem daqui, não sei o que vou fazer", disse.
O vendedor de cachorro-quente José Costa, conhecido como Beto do Dog, preferiu protestar. "Nunca precisei roubar. Mas, na minha idade, nenhuma empresa vai me dar outro trabalho", disse o vendedor, que tem 39 anos.
Costa diz trabalhar há dez anos na Paulista e afirma vender cerca de 700 cachorros-quentes por dia, a R$ 1,00 cada. Seu prejuízo ontem: 700 pãezinhos, 40 kg de salsichas e 22 kg de purê de batatas.
Santo Amaro
O administrador regional de Santo Amaro (zona sul), Oswaldo Kawanami, disse ontem que, depois de ter conseguido retirar os camelôs da praça Floriano Peixoto, o próximo passo será tirar os ambulantes do largo 13 de Maio.
"Minha previsão é começar a retirada em setembro", disse.

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