São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Acidente na Dutra mata 14 e fere 35

MARCILIO KIMURA

MARCILIO KIMURA; RENATA RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Todos os mortos estavam em dois ônibus intermunicipais; batida envolveu ainda um carro e um caminhão

RENATA RODRIGUES
Um acidente envolvendo dois ônibus lotados, um caminhão e um carro deixou 14 mortos e 35 feridos no km 166,5 da via Dutra, em São João de Meriti (Baixada Fluminense, 20 km ao norte do Rio).
Na hora da batida -22h25 de anteontem-, chovia fraco e a pista estava molhada.
O motorista do Monza, Gilson de Souza Leite, 35, disse que foi fechado por um caminhão não-identificado e teve de frear.
Outro caminhão que vinha atrás, um Scania, não conseguiu parar e bateu na traseira do Monza. "Quando vi o caminhão da frente desgovernado, freei. Atrás vi uma jamanta vindo em cima de mim, fechei os olhos e pensei: 'Agora morri"', disse Leite.
Os dois ônibus intermunicipais, ambos da empresa Caravelle, bateram em seguida. A carroceria de um deles "entrou" dois metros na traseira do Scania. O motorista morreu na hora.
Passageiros dos ônibus disseram que os dois motoristas apostavam corrida na hora do acidente.
A empresa não quis se pronunciar sobre as acusações.
Todas as pessoas que morreram eram passageiras dos ônibus, que iam da estação Central do Brasil (centro do Rio) para Belford Roxo (26 km ao norte do Rio).
"Ouvi um barulho muito grande, da batida com o caminhão. Uma porção de pessoas caiu em cima de mim", disse o auxiliar de produção Daniel Souza Santos, 29.
Prensado entre as ferragens e várias pessoas que caíram em cima dele, Santos teve traumatismo raquimedular (lesão na medula) e está paraplégico.
O socorro demorou cerca de 30 minutos, disse ele. "Fiquei jogado no canto, tomando chuva, sem conseguir me mexer", afirmou.
Santos foi encaminhado ao Hospital Geral de Nova Iguaçu, junto com outras 15 pessoas.
Outro passageiro, Antonio Bezerra Filho, 47, teve a perna direita quebrada em dois lugares. Balconista de uma confeitaria, ele ficou preso nas ferragens.
"Eram vidro e gente voando para todos os lados", contou Bezerra, que estava sentado na quarta fileira atrás do motorista.
O Hospital Getúlio Vargas (zona norte do Rio) recebeu 17 vítimas. Outras quatro foram atendidas no Souza Aguiar (centro) e uma no Miguel Couto (zona sul).
A rodovia ficou totalmente interditada até as 4h de ontem. O congestionamento causado pelo acidente chegou a atingir 6 km.
As conclusões do inquérito policial dependem dos laudos do IML (Instituto Médico Legal) e da perícia técnica, que não devem ser entregues ao delegado da 64ª Delegacia de Polícia (São João de Meriti) antes da semana que vem.

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